A Iconia de Gregório Magno (600 dC) contra a Iconodulia e a Iconofilia Moderna
Gregório Magno representado
no Antifonário de Kartker, mosteiro de St. Gall, atual Suíça. Cerca de 1000
d.C.
Pode se dizer que o primeiro defensor significativamente ilustre de imagens religiosas cristãs, o Papa Gregório I (r. 590-604), desempenha uma importância central em qualquer análise sobre esse assunto. Elevado como defensor da doutrina iconódula por iconódulas romanos e melquitas, Gregório é tratado por estes grupos como sua referência ilustre da evidência histórica, prestigiosa e patrística do culto às imagens.
A razão frequentemente citada para esta declaração de fé vêm da sua Segunda Epístola a Sereno, bispo de Marselha, na costa mediterrânea da Gália (atual França), no exato ano de 600 d.C [1]. Todavia, uma análise realmente comprometida com o conteúdo da carta revela que na verdade Gregório viu o ensino romanista moderno da mesma forma que os protestantes: como idolatria.
A SEGUNDA EPÍSTOLA A SERENO DE MARSELHAS
É conveniente esclarecer que o primeiro parágrafo da citação consiste nos comentários da autora sobre a carta em si, que vem logo adiante:
“O USO ADEQUADO DAS IMAGENS
Santo Agostinho e São Jerônimo, que eram tão críticos com imagens e igrejas luxuosamente decoradas, viveram para ver a queda de Roma em 410. Foi um evento cujo significado não lhes foi perdido: a partir do quinto século, o poder na Europa caiu cada vez mais nas mãos dos reis bárbaros. A igreja latina, regada com presentes imperiais durante o século IV, entrou em um período em que seus recursos se tornaram escassos, como consequência da expansão missionária e da invasão bárbara. A partir daí, a construção de igrejas e sua manutenção se tornaram uma questão difícil, que muitas vezes era alcançado apenas ao custo de um grande sacrifício e era compreensivelmente considerado um trabalho digno de santos. Sob tais condições, havia poucas ocasiões para reiterar as opiniões de São Jerônimo sobre o luxo eclesiástico. O uso de imagens e de igrejas grandes e esplendidamente decoradas formava uma parte distinta dos costumes romanos. Dificilmente poderia se esperar que os clérigos, cujo objetivo principal era a preservação e propagação desses costumes, fossem críticos. É interessante ver como o Papa Gregório ataca o bispo iconoclasta de Marselha por seu desvio imprevisível dos hábitos geralmente aceitos. Também havia outras razões para São Gregório defender o uso adequado de imagens na igreja. Sua utilidade para a instrução de analfabetos já havia sido apontada por Paulino de Nola. Acreditava-se que elas eram ainda mais importantes na conversão de pagãos. Quando Santo Agostinho de Canterbury, enviado do Papa Gregório à Grã-Bretanha, foi encontrar o rei Ethelbert, ele carregava consigo uma cruz e uma imagem do Salvador.
SÃO GREGÓRIO MAGNO PARA O BISPO SERENO DE MARSELHAS
O início de sua carta demonstrou sua benevolência sacerdotal de tal maneira que ficamos muito satisfeitos com seus sentimentos fraternos. Mas seu fim é tão diferente do começo que nos perguntamos se a epístola procedeu de uma mente ou de duas. Suas dúvidas sobre a [autenticidade da] carta que lhe enviamos fizeram você parecer muito precipitado. Pois se você realmente prestasse atenção às nossas advertências fraternas, não teria apenas dúvidas, mas saberia o que sua dignidade sacerdotal deveria obrigá-lo a fazer. O ex-abade Cyriacus que carregava nossas cartas era de tamanho comportamento e aprendizado que seria difícil supor que ele ousaria fazer o que você pensa, ou que ele poderia ter sido um impostor. Sua negligência da advertência saudável o tornou culpado dessa dúvida, além de te fazer culpado de uma ação ruim. Chegou até nós a notícia de que você, tomado pela fúria cega, quebrou as imagens dos santos com a desculpa de que elas não deveriam ser adoradas. E, de fato, nós o aplaudimos de coração por impedir que elas sejam adoradas, mas por quebrá-las, nós o censuramos. Diga-nos, irmão, você já ouviu falar de algum outro bispo em qualquer lugar que tenha feito a mesma coisa? Isso, se nada mais, deveria ter lhe feito pensar. Você despreza seus irmãos e pensa que só você é santo e sábio? Adorar imagens é uma coisa: ensinar com a ajuda delas o que deve ser adorado é outra. As Escrituras são para os educados, as imagens são para os ignorantes, que veem através delas o que devem aceitar: eles leem nelas o que não podem ler nos livros. Isso é especialmente verdadeiro para os pagãos. E cabe particularmente a você, que vive entre pagãos, não se deixar levar por justo zelo e, assim, escandalizar mentes selvagens. Portanto, você não deve ter quebrado o que foi colocado na igreja, não para ser adorado, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes. Não é sem razão que a tradição permite que as obras dos santos sejam retratadas em lugares santos. Se você tivesse temperado seu zelo com discrição, certamente poderia ter conseguido melhor o que queria e, em vez de espalhar o rebanho que foi reunido, reuniria o rebanho que foi espalhado e, assim, ter aprimorado a glória de seu nome de pastor, ao invés de adquirir o nome culpado de um dispersor. Mas, seguindo seu próprio impulso precipitado, você, como ouvi dizer, escandalizou tanto o seu rebanho que a maior parte dele não está mais em comunhão com você. Como você conduzirá as ovelhas errantes ao rebanho do Senhor, se não for capaz de manter nele as que já possui? Portanto, exortamos você a deixar de lado o falso orgulho e, imediatamente, fazer tudo o que puder para chamar de volta, com amor paterno, aquelas almas descontentes que você sabe que estão fora da unidade da sua comunhão.
Pois esses filhos dispersos da igreja devem ser chamados de volta, e aquelas passagens da Sagrada Escritura que proíbem a adoração do trabalho manual do homem devem ser mostradas a eles, pois está escrito: 'Adorarás o Senhor teu Deus, e somente a Ele servirás.' E então você deve acrescentar que, porque você viu que aquelas semelhanças pintadas — feitas para a instrução dos ignorantes, para que eles pudessem entender as histórias e aprender o que se passava — estavam sendo adoradas, você ficou tão enfurecido que ordenou que elas fossem quebradas. E você também deve dizer a eles: 'Se vocês desejam ter imagens na igreja a fim de obter delas a instrução, razão pela qual elas foram feitas anteriormente, eu permito que elas sejam feitas e colocadas lá'. E explique que não era a visão da história relatada em texto pintado que lhe enfureceu, mas o culto que foi prestado de forma ilícita.” [1]
Com base no que é ensinado e definido pelo Papa São Gregório Magno, as imagens:
I) São de uso situacional;
II) Servem apenas para uso didático, nunca litúrgico, estético ou para qualquer outra finalidade;
III) Servem apenas para explicar aos analfabetos as histórias das Escrituras, mas apenas se eles quiserem que se façam ou as introduzam nas igrejas;
IV) O uso de imagens para culto ou adoração é firmemente condenado, sendo crido em consenso como gravemente errôneo, pela autoridade das Sagradas Escrituras;
V) As imagens representam meramente cenas escriturísticas, excluindo santos e anjos que não aparecem nelas.
OBSERVAÇÕES SOBRE OMISSÕES E MUTILAÇÕES DO CONTEÚDO DA EPÍSTOLA
Sentenças decisivas na demonstração
A versão
da ãoe daerge
i versão citada poós no
Observadores atentos e militantes papistas mais atormentados notarão que a versão da epístola publicada neste capítulo diverge bastante
de traduções fornecidas
não somente da tradução fornecida
Uma das principais razões pelas quais optamos pela tradução fornecida pela doutora Caecilia Davis-Weyer vem justamente do fato desta tradução ser retirada diretamente da versão completa publicada no volume 77 da coleção Patrologia Latina, do padre Jean Paul Migne. Tivemos o c
E sim, uma versa
LXXVII. Paris, 1849, p. 1127-1128
É necessário mencionar que a tradução desta carta diverge bastante da versão publicada pelos católicos James Barmby e Kevin Knight na New Advent. E apesar desta versão ser retirada da coleção patrística de Philip Schaff, um protestante ecumênico, ela não é uma tradução fiel.
A sentença “portanto, você não deve ter quebrado o que foi colocado na igreja, não para ser adorado, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes” foi completamente omitida do texto do Schaffer, embora esteja contida em todas as fontes acadêmicas que foram consultadas. Estas, por sua vez, possuem uma tradução idêntica a de Davis-Weyer:
Fonte: Anthony F. Janson, H. W. Janson. History of Art. Fifth Edition, 1995, p. 252.
A fonte primária utilizada no Early Medieval Art advêm da coletânea "Patrologia Latina" de Jacques-Paul Migne, conforme indicado no verbete da epístola (DAVIS-WEYER, p. 49). Uma consulta ao texto latino contido no volume 77 do Patrologia revela não só as inconsistências da versão utilizada pela New Advent como comprova, também, que a tradução de Davis-Weyer e dos outros acadêmicos é precisa. Note que a passagem omitida na New Advent está na fonte primária:
"Frangi ergo non debuit quod non ad adorandum in Ecclesiis, sed ad instruendas solummodo mentes fuit nescientium collocatum" (Sanctii Gregorii Magni Epistolarum Lib. XI, epist. 13, Patrologia Latina, ed J. P. Migne, LXXVII. Paris, 1849, p. 1127-1128.)
Sua tradução corresponderia a “portanto, você não deve ter quebrado o que foi colocado na igreja, não para ser adorado, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes”. Estes detalhes, embora não mudem de todo o sentido do texto, mitigam o peso da condenação ao culto às imagens e do uso exclusivamente didático das imagens.
A sentença latina omitida também pode ser encontrada em outros trabalhos que também lidam com a fonte primária [2].
É provável que Schaff não tenha usado uma fonte primária na transcrição da carta, mas, provavelmente, uma tradução viciada e adulterada por algum autor católico, uma vez que o próprio Schaff não lucraria qualquer benefício tornando a carta menos condenatória à doutrina romana.
No demais, a edição exposta pela New Advent fez uso de distorções graves, das quais convém realçar:
“And it must be said to them, If for this instruction for which images were anciently made you wish to have them in the church, I permit them by all means both to be made and to be had. “
Compare com a versão acadêmica do texto:
“E você também deve dizer a eles: ‘Se vocês desejam ter imagens na igreja, a fim de obter delas as instruções pelas quais elas foram feitas anteriormente, eu permito que elas sejam feitas e colocadas lá’.
A versão da New Advent implica que estas imagens eram "muito ancestrais", persuadindo pelas entrelinhas que o iconismo era uma prática da Igreja Primitiva. Pior ainda, “I permit them”, na construção dada, implica que foi por permissão do Papa - e não do próprio bispo - que eles estavam autorizados a fazer e ter imagens; esta última passagem também implicando no uso extra-litúrgico delas. A construção da sentença é feita para destacar a Supremacia Papal de forma perniciosa. Para coroar a desonestidade da tradução:
“And explain to them that it was not the sight itself of the story which the picture was hanging to attest that displeased you, but the adoration which had been improperly paid to the pictures”
Compare com:
“E explique que não era a visão da história relatada em texto pintado que lhe enfureceu, mas ao culto, que foi prestado de forma ilícita”
Na tradução viciada, usa-se o termo “displeased” (descontente, no seu sentido mais higienizado) quando a tradução acadêmica é enfurecido. São termos assimétricos, postos de maneira a mitigar a gravidade da prática supersticiosa.
Outro ponto relevante é o uso de “adoration” (adoração) quando o uso adequado é worship (culto). Esta escolha de termos ajudou desviar a condenação do Papa do culto às imagens e a transladou a critica apenas na sua adoração, mais facilmente excusada pela apologética católica. “Improperly” (inapropriadamente) é usado no lugar de ilícito, mostrando novamente uma tentativa de higienização da fonte primária. Por conta disso, disponibilizei a carta neste link.
ADORATIO E O AD HOC PARA CULTO, VENERAÇÃO, LATRIA E DÚLIA
Todavia, esses sintomas de Pós-Iconodulismo são estranhos à própria Tradição desses iconódulas. A Enciclopédia Católica constata:
"O [termo] latino Cultus sacrarum imaginum pode muito bem ser traduzido (como sempre foi no passado) como 'culto das imagens sacras', sendo 'cultista de imagem' um termo conveniente para cultor imaginum — eikonodoulos, como oposto aos eikonoklastes (destruidor de imagem)." [2]
É até curioso que nossos cultistas de imagens ignorem que o artigo que eles mais frequentemente usam para defender suas doutrinas se refere às suas práticas de imagens e relíquias como “o culto às imagens e relíquias” [3], que também é referenciado no Catecismo por este nome:
“O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos.” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 2132).
Não é novidade que o termo culto seja usado para se referir à veneração de imagens, sejam elas quais for, especialmente para aqueles familiarizados com o Segundo Concílio de Nicéia (787), cujas referências neste sentido são tão abundantes que seriam impossível citar todas. Como o historiador Norman P. Tanner, um padre jesuíta, afirma sobre este concílio:
"Após os bispos suspeitos de heresia terem sido admitidos, 263 padres abraçaram a doutrina sobre o culto das imagens sacras, como explicado nas cartas do Papa Adriano I, que foram lidas na segunda sessão" [4]
Depois de uma exposição tão longa de fontes romanistas confirmando que suas práticas constituem culto, o argumento muda: existe culto de adoração e culto de veneração, o primeiro dado à Trindade e o segundo aos santos. O problema é que adoração também é usado intercambiávelmente para se referir à "veneração dos santos", seja em documentos históricos, seja nos próprios concílios e nas epístolas papais.
Provas da intercambiabilidade são encontradas no Sobre Imagens Sagradas do santo iconodula João Damasceno (675-749):
“Abraão não viu a natureza de Deus, porquanto ninguém viu Deus, mas a imagem de Deus, e prostrando-se, o adorou (Gen. 18.2). Josué viu a imagem de um anjo (Jos. 5.14) não como ele é, porquanto um anjo não é visível para olhos corporais, e ele protrando-se, lhe adorou, assim como Daniel. Ainda assim, o anjo é uma criatura, e um servo, e um ministro de Deus, não Deus. E ainda assim ele cultuou o anjo não como Deus, mas como o espírito ministro de Deus. Não deveria eu fazer imagens dos amigos de Cristo? E não deveria eu cultuá-los como imagens dos amigos de Deus, não como deuses?” [4]
E ainda, no mesmo tratado:
“Sobre Adoração. O que é adoração?
Adoração é um sinal de sujeição, isto é, de submissão e humilhação. Existem muitos tipos de adoração. O primeiro é o culto de latria, que nós damos a Deus [...]
Assim nós adoramos a figura sagrada da Cruz, e a semelhança corporal do nosso Deus, a semelhança daquela que o gerou, e de todos os que o pertencem.” [4].
Apesar da distinção Ad Hoc entre dúlia e latria, mesmo historiadores confirmam que autores como Damasceno confundiam as próprias palavras, tão fracas elas eram para delinear essa distinção sem diferença. Gábor Endrôdi confirma:
"Enquanto latria e dúlia eram conceitos mutuamente exclusivos, no capítulo sobre imagens no De fide orthodoxa de Damasceno (que diferentes do Logoi, era desconhecido ao ocidente medieval), palavras pertencentes a esfera conceitual de veneração, προσκu′νησις e τιμη′ (as quais Burgundio traduziu como adoratio e honra) são usadas como sinônimos. Nos decretos do Concílio, contudo, λατρεi′α é um subjunto de τιμητικη′ προσκu′νησις (traduzido por Anastasius Bibliothecarius como honoratoria adoratio)" [5]
Essa alternancia adoração - veneração encontra-se mais tardiamente, na Summa de Bono do escolástico Philippus Cancellarius Parisiensis (c. 1160-1236), um renomado teólogo da Universidade de Paris. Felipe, que foi chanceler da catedral de Notre Dame de Paris e Arquidiácono de Noyon, fornece uma exposição da doutrina católica sobre as imagens sacras:
"Percebendo que nem todos tinham conhecimentos das letras, nem tempo para lê-las, os Pais inventaram de escrevê-las em imagens, como alguns triunfos para rápida memorização. Frequentemente, assim, quando não temos a Paixão do Senhor na nossa mente, sua paixão salvífica é trazida à memória ao vermos a imagem da crucificação de Cristo, então nós adoramos não a matéria, mas a imagem. De forma semelhante, no caso da mãe de Deus, nós não adoramos a matéria, mas a figura. Porque a honra que nós damos a ela é referida à Ele que se fez carne através dela." [6]
A exposição de Felipe, que foi decisivamente influenciada pelos escritos de Damasceno, não recebeu qualquer censura eclesiática, antes, foi louvada. O original latino deixa claro que o termo adoratio, ao qual Gregório faz uso em sua condenação, também significa esse culto de dúlia, a própria veneração menor dos santos:
"Quia non omnes noscunt litteras neque lectioni uacant, patres excogitauerunt uelud quosdam triumphos in imaginibus hec scribere ad memoriam uelocem, propter hoc quod multotiens, non secundum mentem habentes Domini passionem imaginis Christi crucifixionem uidentes et salutaris passionis in rememorationem uenientes, adoramus non materiam sed imaginem. Similiter et Dei genitricis imaginis non materiam, sed figuram adoramus. Honor enim qui est ad ipsam ad eum qui ex ipsa incarnatus est reducitur.” [6]
A tradução latina oficial do Segundo Concílio de Niceia, depositada nos arquivos papais em Roma e aprovada pelo Pontífice Romano, usa por diversas vezes o termo adoratio como o culto de veneração, conforme notado por Edward Stillingfleet (1635-1699):
"Anastácio, bispo de Teópolis, na sua epístola apresentada no Segundo Concílio de Niceia, assim expõe: 'Observe', diz ele, 'apenas é exclusivo servir, mas não cultuar', adorare quidem licet, servire nequaquam, como diz a tradução latina aqui; o culto de outras coisas é legítimo, mas não o serviço', o que esta diretamente contrário ao que Gregório disse, não proibindo aqueles que faziam imagens, mas por qualquer meios evite o seu culto, adorare verò Imagines modis omnibus devita. O quê? Não é permitido nenhuma forma de culto a elas? Nenhuma distinção de um culto relativo, honorário ou inferior? Não, nada sequer próximo disso. Mas nossos adversários correm desta epístola para uma outra, a Secundino, para ajudá-los, onde eles dizem que Gregório aprova o culto às imagens. Quanto a isto, nenhuma outra resposta é necessária senão o atestado de que esta passagem não se encontra no antigo manuscrito que o Dr. James examinou diligentemente" [7]
Os iconódulas preparam seu próprio cadafalso: se servire significa o culto supremo dado a Deus, então o adoratio condenado por Gregório também implica na condenação do culto às imagens como um todo. Sequer é possível condenar a versão latina do Concílio: a expressão 'adorare quidem licet, servire nequaquam' esta de acordo com a tradução oficial da Igreja Romana da passagem bíblica citada:
"et respondens Jesus dixit illi scriptum est Dominum Deum tuum adorabis et illi soli servies" (Lucas 4:8. Vulgata Latina)
Os iconódulas nunca vão sair dessa encruzilhada auto-condenatória, porque a partir do momento em que usam termos com os mesmos significados para estabelecer significados diferentes, é só questão de tempo até serem condenados pelas próprias palavras (Mt 12:37).
E diga-se de passagem, se Stillingfleet usava o termo adoratio num debate como análogo papista de culto, é justamente porque o termo era aceito validamente para culto; logo, o Papa Gregório de fato condenou a iconodulia.
um exemplo
ao traduzir adoratio como culto e não como adoração. Todavia, as fontes papistas caem em contradição ao oferecerem adoratio aos santos enquanto Deus recebe o serviço. A adoração se torna veneração, o serviço vira a nova adoração. No fim das contas, o emaranhado de termos distintivos
Anastasius Bishop of Theopolis, in his Epistle produced in the second Nicene Council,* thus expounds; Mark, saith he, only is joyned to serve, and not to wor∣ship, , saith the Latin Translation there; worship of other things is lawful but not the service, which is directly con∣trary to what Gregory saith, who makes the worship of any other thing unlawful from these words; and to conclude all, Gregory saith, forbid not those who would make Images;
"Então o Patriarca Tarasius diz em termos claros: 'aqueles que fingem honrar imagens, mas não às cultuam são culpados de hipocrisia e auto-contradição [...]. E ele prova isso de um ditado de Anastácio, bispo de Teópolis: 'que nenhum homem se ofenda pela menção de adoração ou culto, porque nós cultuamos homens e anjos, mas não os servimos, e o culto é uma expressão de honra'. E seria bom para alguém ver como todos os Reverendos Padres batem palmas de alegria com a crítica sutil que o bispo havia descoberto, isto é, que quando Nosso Salvador disse 'cultuarás o Senhor teu Deus e somente a Ele servirás', o somente só se aplicava ao culto, mas não ao serviço. 'Note (clama o Concílio) o somente pertence ao serviço, mas não ao culto, de forma que não devemos servir imagens, mas nós podemos cultuá-las'. Se o Diabo tivesse sido tão sutil, não ele poderia ter dito ao Nosso Salvador 'note, você só precisa servir exclusivamente Deus, mas voê pode me e
observe que, você está proibido de servir apenas a qualquer outro, exceto a Deus, mas você pode me adorar, apesar dessa ordem? O Patri∣arch Tarasius em sua Epístola a Constantino e Irene expressa esta adoração pela mesma palavra que é usada para Deus; pois, quando Deus diz: Adorarás o Senhor teu Deus, * e somente a ele servirás; ele restringe o serviço a si mesmo, mas permite a adoração a outras coisas; portanto, diz ele, 〈em alfabeto não latino〉, sem
If the Devil had been so subtle, might not he have said to our Saviour, Mark that, you are forbidden Only to Serve any else but God, but you may Worship me, not∣withstanding that command? The Patri∣arch Tarasius in his Epistle to Constantine and Irene expresses this worship by the very same word which is used to God; for, when God saith, Thou shalt worship the Lord thy God,*and him only shalt thou serve; he restrains Service to himself, but allows Worship to other things; therefore, saith he, 〈 in non-Latin alphabet 〉, without
So the Patriarch Tarasius, saith in plain terms, they who pretend to honour Images,*and not to worship them, are guilty of Hy∣pocrisie, and self-contradiction. For wor∣ship, saith he, is a Symbol and signification of Honour, therefore they who deny to worship them, do dishonour them. This was the Pa∣triarchal way of arguing in this famous
como diz a tradução latina aqui adorare quidem licet, servire ne∣quaquam
saith the Latin Translation there; worship of other things is lawful but not the service, which is directly con∣trary to what Gregory saith, who makes the worship of any other thing unlawful from these words; and to conclude all, Gregory saith, forbid not those who would make Images; adorare verò Imagines modis omnibus devita, but by all means avoid the worship of them. What! no kind of worship to be allowed them? no distinction of an inferiour, honorary, rela∣tive
As fontes infalíveis do Papado não
Mas isto contradiz não só o culto de latria prestado às imagens da Trindade, como também o fato de que todos os escritos medievais e antigos chamam tanto dúlia quanto latria de adoração,
Se católicos modernos afirmam a mera "veneração de imagens", condenando seu culto, iconodulas mais tradicionais afirmando o culto, mas condenando a adoração. Por outro lado, temos escritos do próprio João de Damasco e de outros autores medievais afirmando a adoração de imagens (adoratio imaginis), se valendo dos mesmos artifícios retóricos para distinguir entre adoração dada a Deus e outras adorações. Essencialmente, o circo de malabarismos retóricos para fazer distinções sem diferença é deplorável.
Também pode ser importante salutar que quando o Papa diz "adorar imagens é uma coisa: ensinar com a ajuda delas o que deve ser adorado é outra" de forma alguma ele define a iconodulia, como alguns papistas poderiam argumentar que "não se adoram as imagens em si, mas o que elas representam". Para Gregório Magno, "ensinar o que deve ser adorado" é meramente o exercício de instrução das histórias evangélicas. A adoração prestada a uma imagem de Deus, mesmo com a desculpa de que ela é transladada ao protótipo, recaí naquilo que Gregório condena.
Não é sem razão que a posição acadêmica afirma que os ensinamentos de Gregório “encorajaram mais tarde o clero ocidental a rejeitar o iconoclasmo e todas as formas de culto às imagens, incitando uma ênfase consistente no valor das imagens na instrução de iletrados e observadores ignorantes." [7]
CONCLUSÃO
Com Deus e armas vitoriosas,
Pedro Gaião.
_________________________________________
REFERÊNCIAS:
[1] DAVIS-WEYER, Caecilia. Early Medieval Art, 300-1150: Sources and Documents. University of Toronto Press, 1986. Cap. 3, p. 47-49.
[2] FORTESCUE, Adrian. Veneration of Images. The Catholic Encyclopedia. Nova York: Robert Appleton Company, 1910.
[3] RODRIGUES, Rafael. Pais da Igreja e as Imagens e Relíquias Sagradas. Disponível em: <https://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/controversias/623-pais-da-igreja-e-as-imagens-e-reliquias-sagradas>. Acesso em 6 de junho de 2020.
[4] TANNER, Norman P. Decrees of the Ecumenical Councils. Papal Encyclicals Online. Disponível em: <https://www.papalencyclicals.net/councils/ecum07.htm>. Acesso em 22 de fevereiro de 2021.
[5] FORDHAM UNIVERSITY. John of Damascus: In Defense of Icons, c. 730. Medieval Sourcebook. Disponível em: <http://medieval.ucdavis.edu/20A/Icons.html>. Acesso em 6 de junho de 2020.
[6] ENDRÔDI, Gábor. The Chancellor's Three Reasons for Paintings in Churches, trad. VARGA, Lívia. Budapeste: Essays in Art History in Honour of Ernö Marosi on His Seventieth Birthday, 2010. p. 150. Disponível em: <https://www.academia.edu/299708/The_Chancellors_Three_Reasons_for_Paintings_in_Churches>. Acesso em 24 de agosto de 2020.
[7] ENDRÔDI, ibid, p. 139-140.
[6]
[7]
MENDHAM, John. The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was established: with copious notes from "Caroline Books", compiled by the order of Charlemagne for its confutation. Londres: 1850. p.
CAVADINI, J. C. Gregory the Great: A Symposium. University of Notre Dame Press, 2015. Cap. 10.
[2] O'HOGAN, Cillian C. Geography and Space in the Poetry of Prudentius. University of Toronto, 2012. p. 138
[7] CAVADINI, ibid.
[8] The Latin Works of Huldreich Zwingli. Philadelphia: The Heidelberg Press, 1929. p. 39-40.
[9] WARE, Kallistos. The Veneration of Icons: Historical Development, ed. CUNLIFFE-JONES, Hubert. A History of Christian Doctrine, Cap. 3. Bloomsbury Publishing, 2006. Disponível em: <https://www.angelfire.com/ny4/djw/lutherantheology.wareveneration.html>. Acesso em 6 de junho de 2020.
[10] Ibid, p, 191.
(Livro XI, carta 13).
Será evidente neste texto que o iconismo papal no início da Alta Idade Média era essencialmente divergente até mesmo da concepção adotada por luteranos e reformados iconistas. Desta forma, a teologia iconodula dos católicos romanos não só é estranha ao ensinado pelo próprio catolicismo romano por volta do século sete, mas também seria, ela mesma, tratada da mesma forma como sempre foi vista pelo Protestantismo: idolatria.
Faremos uso de uma obra acadêmica chamada
xxx
Contudo, Gregório também é citado
por iconófilos moderados, como alguns iconistas dentre os luteranos e os
reformados, como referência-chave da sua prática de iconofilia moderada, embora
ambos os luteranos e os reformados iconistas divirjam na sua concepção de
iconismo saudável.
O objetivo deste artigo é analisar
a segunda carta do bispo romano à Sereno, bispo de Marselha, na Gália (atual
França), no exato ano de 600 d.C [1]. Será evidente neste texto que o iconismo papal no início
da Alta Idade Média era essencialmente divergente até mesmo da concepção
adotada por luteranos e reformados iconistas. Desta forma, a teologia iconodula
dos católicos romanos não só é estranha ao ensinado pelo próprio catolicismo
romano por volta do século sete, mas também seria, ela mesma, tratada da mesma
forma como sempre foi vista pelo Protestantismo: idolatria.
Faremos uso de uma obra
acadêmica chamada “Early Medieval Art, 300-1150: Sources and Documents” da PhD
alemã Caecilia Davis-Weyer (d. 2014), especialista de História Medieval da
Arte, e publicado pela University of Toronto Press. Especificamente, o capítulo
3, “A Europa sob Domínio Bárbaro”, dos quais contém o comentário da acadêmica e
a carta episcopal em si (Livro XI, carta 13). Destacado em negrito contam as
passagens mais significativas.
·
COMENTÁRIOS SOBRE DIVERGÊNCIAS NOUTRAS TRADUÇÕES
É necessário mencionar que a
tradução desta carta diverge bastante da versão publicada pelos católicos James
Barmby e Kevin Knight na New Advent. E apesar desta versão ser
retirada da coleção patrística de Philip Schaff, um protestante ecumênico, ela
não é uma tradução fiel.
A sentença “portanto, você
não deve ter quebrado o que foi colocado na igreja, não para ser
adorado, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes” foi
completamente omitida do texto do Schaffer, embora esteja contida em todas as
fontes acadêmicas que foram consultadas. Estas, por sua vez, possuem uma
tradução idêntica a de Davis-Weyer:
Fonte: Anthony F. Janson, H. W. Janson. History of Art. Fifth Edition, 1995, p. 252.
A fonte primária utilizada no Early
Medieval Art advêm da coletânea "Patrologia Latina" de
Jacques-Paul Migne, conforme indicado no verbete da epístola (DAVIS-WEYER,
p. 49). Uma consulta ao texto latino contido no volume 77 do Patrologia revela
não só as inconsistências da versão utilizada pela New Advent como comprova,
também, que a tradução de Davis-Weyer e dos outros acadêmicos é precisa. Note
que a passagem omitida na New Advent está na fonte primária:
"Frangi
ergo non debuit quod non ad adorandum in Ecclesiis, sed ad instruendas
solummodo mentes fuit nescientium collocatum" (Sanctii
Gregorii Magni Epistolarum Lib. XI, epist. 13, Patrologia Latina, ed J. P.
Migne, LXXVII. Paris, 1849, p. 1127-1128.)
Sua tradução corresponderia a “portanto,
você não deve ter quebrado o que foi colocado na igreja, não para ser
adorado, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes”. Estes
detalhes, embora não mudem de todo o sentido do texto, mitigam o peso da
condenação ao culto às imagens e do uso exclusivamente didático das
imagens.
A sentença latina omitida também pode ser encontrada em outros trabalhos que também lidam com a fonte primária [2].
É provável que Schaff não
tenha usado uma fonte primária na transcrição da carta, mas, provavelmente, uma
tradução viciada e adulterada por algum autor católico, uma vez que o próprio
Schaff não lucraria qualquer benefício tornando a carta menos condenatória à
doutrina romana.
No demais, a edição exposta pela
New Advent fez uso de distorções graves, das quais convém realçar:
“And it must be said to them, If for this instruction for
which images were anciently made you wish to have them in the
church, I permit them by all means both to be made and to be
had. “
Compare com a versão acadêmica do
texto:
“E você também deve dizer a
eles: ‘Se vocês desejam ter imagens na igreja, a fim de obter delas as
instruções pelas quais elas foram feitas anteriormente, eu permito que elas
sejam feitas e colocadas lá’.
A versão da New Advent implica que
estas imagens eram "muito ancestrais", persuadindo
pelas entrelinhas que o iconismo era uma prática da Igreja Primitiva.
Pior ainda, “I permit them”, na construção dada, implica que foi por permissão
do Papa - e não do próprio bispo - que eles estavam autorizados a fazer e
ter imagens; esta última passagem também implicando no uso extra-litúrgico
delas. A construção da sentença é feita para destacar a Supremacia Papal de
forma perniciosa. Para
coroar a desonestidade da tradução:
“And explain to them that it was not the sight
itself of the story which the picture was hanging to attest that displeased
you, but the adoration which had been improperly paid to the pictures”
Compare com:
“E explique que não era a visão
da história relatada em texto pintado que lhe enfureceu, mas ao culto, que foi
prestado de forma ilícita”
Na tradução viciada, usa-se o termo
“displeased” (descontente, no seu sentido mais higienizado) quando a tradução
acadêmica é enfurecido. São termos assimétricos, postos de maneira a mitigar a
gravidade da prática supersticiosa.
Outro ponto relevante é o uso de
“adoration” (adoração) quando o uso adequado é worship (culto). Esta escolha de
termos ajudou desviar a condenação do Papa do culto às imagens e a transladou a
critica apenas na sua adoração, mais facilmente excusada pela apologética
católica. “Improperly” (inapropriadamente) é usado no lugar de ilícito,
mostrando novamente uma tentativa de higienização da fonte primária. Por conta
disso, disponibilizei a carta neste link.
CONCLUSÃO
O Papa Gregório condenou toda a teologia dos ícones sagrados
do catolicismo romano e da ortodoxia. E mesmo que se manipule o uso de termos
adorar e cultuar, não é possível desviar da condenação de idolatria em qualquer
arranjo alternativo.
Ainda como efeito suplementar, a iconofilia de certos
protestantes, como alguns luteranos e calvinistas, ainda era estranha à Igreja
de 600 d.C. Não somente isto, mas ela não é aplicável nos nossos tempos.
Rigorosamente falando, nem a justificativa da Igreja na época de Gregório é
bíblica e teologicamente aceitável. Assim como nós, Zwinglio também notara que
não existe base bíblica para a alegação de que imagens eram ou devem ser
utilizadas para ensinar ou estimular piedade [8]. Semelhantemente, Calvino
comenta:
“Mas, eu pergunto, em virtude desta estupidez, mas
simplesmente porque eles defraudaram a única doutrina que era adequada a
instruí-los? A simples razão pela qual os responsáveis pelas igrejas resignaram
seu ofício de ensino para os ídolos era porque eles mesmos eram idiotas. Paulo
declara que, pela verdadeira pregação do Evangelho, Cristo é retratado e de
semelhante maneira crucificado diante dos nossos olhos (Gal. 3:1). De qual uso,
então, se devem a edificação nas igrejas de tantas cruzes de madeira e pedra, prata
e ouro, se esta doutrina era fielmente e honestamente pregada? Isto é, que
Cristo morreu para que ele suportasse nossa maldição no madeiro, para que ele
expiasse nossos pecados pelo sacrifício de seu corpo, lhe lavasse no seu sangue
e, em síntese, nos reconciliasse com Deus-Pai? Desta única doutrina as pessoas
aprenderiam mais que mil cruzes de madeira e pedra. E para cruzes de ouro e
prata, pode ser verdadeiro que os avarentos ponham seus olhos nelas e se
concentrem mais nelas do que em qualquer instrutor celestial” (João Calvino, Institutas da Religião
Cristã, Tomo I, Capítulo 11, Parágrafo 7)
Desta forma, legar às imagens o papel da instrução ou da
geração de piedade não é nada mais que terceirizar para os elementos materiais
a Palavra do próprio Deus. Sendo assim, o uso didático de imagens é no mínimo
um cristianismo preguiçoso, feito por estultícios e maus ministros do Evangelho.
O Culto Cristão era material? Como apontado por Kallistos
Ware, bispo da Igreja Ortodoxa Oriental (iconodula), não!
“Foi apenas por avanços lentos que o uso de ícones se tornou
estabelecido na Igreja. Reagindo ao seu ambiente pagão, os primeiros
cristãos estavam ansiosos para estressar acima de tudo o caráter exclusivamente
espiritual de seus cultos, e eles buscaram evitar tudo que pudesse
experimentar idolatria: ‘Deus é espirito, e convêm que aqueles que o
cultuam o façam em espírito e em verdade’ (João 4:24). [...] Com a
conversão de Constantino e o desaparecimento progressivo do paganismo, a Igreja
cresceu menos hesitante no uso de sua arte. Por volta de 400 d.C já era uma
prática aceita representar o Nosso Senhor não apenas através de símbolos, mas
diretamente. Nesta data, porém, ainda não há evidências que sugiram que as
pinturas na igreja eram veneradas ou honradas com qualquer expressão externa de
devoção. Neste período, elas não eram objetos de culto
[...]
Não antes do período posterior a Justiniano, entre os anos
550 e 650, que a veneração de ícones nas igrejas e casas privadas tornou-se
largamente aceita na vida devocional dos cristãos orientais. Por volta dos anos
650-700 as primeiras tentativas foram feitas por escritores cristãos para
prover uma base doutrinal para este crescente culto aos ícones e para formular
uma teologia cristã da arte. De interesse particular é a obra, sobrevivente
apenas em fragmentos, de Leônio de Neapolis (no Chipre), revidando o
criticismo dos judeus.” [9][10]
Para os católicos, restam as perguntas: antes de mais nada, o
Papa São Gregório Magno ensinou heresia, refutando assim a Infalibilidade
Papal? Quem o canonizou, semelhantemente, também refutou a Infalibilidade da
Igreja?
Aos protestantes iconistas: seu compromisso com Ad
Fontes Ecclesiam é sincero? Creio que certamente o é. Será que suas
aspirações estéticas devem suplantar aquilo que os apóstolos ensinaram e que a
Igreja Primitiva conservou por praticamente 400 anos? Certamente vocês não são
idolátras, como os papistas e os gregos, mas ainda assim, lhes convido a abraçar
o culto puro e a doutrina ortodoxa.
Excelente, artigo, Pedro! Que o Senhor da Igreja nos liberte das amarras a objetos, imagens, para que, exercendo a fé que Ele nos deu, possamos crer sem ver.
ResponderExcluirParabens!
Obrigado irmão, muito útil seu comentário. Deus te abençoe.
ExcluirDesonestidade intelectual pura! São Gregório Magno não proíbe o uso litúrgico e cúltico das imagens! Muito ao contrário, ele REPREENDE aquele que as quebrou, e diz que as imagens não devem ser ADORADAS, mas usadas para instrução. Só que o termo "instrução" aí não significa simplesmente "explicação" para isso seria mais fácil pintar gravuras num livro, do que fazer estátuas (lembrem-se o repreendido QUEBROU as imagens). "instrução" aí é no sentido de ilustração, visualização. Ora é exatamente o que fazemos! Não prestamos culto as imagens enquanto objetos, mas por meio delas visualizamos aquilo à que prestamos culto.
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