Da Necessidade de Apostolicidade: Porque o Culto às Imagens não pode ter sido um Desenvolvimento ou uma Evolução


Por questão de fé e de continuidade histórica, muitos papistas e melquitas creem que os cristãos primitivos faziam e cultuavam imagens de Cristo, dos antigos dos profetas e dos mártires. Não sem razão, esta visão costuma ser ridicularizada por protestantes.

Para salvaguardar a credibilidade da própria religião, o bom senso compele a maioria dos romanistas a omitir esta concepção da sua interação interna e do seu proselitismo contra outras igrejas. Consequentemente, esta omissão gera suas anomalias: posições e ensinos heterodoxos tornam-se tão corriqueiros que passam despercebidos pela própria comunidade. O que melhor ilustra esta situação é uma matéria do jornal National Catholic Register: nela, o padre jesuíta Thomas Reese nega francamente a origem iconodula do Cristianismo dos primeiros séculos.

"De fato, o cristianismo se adaptou à cultura européia de maneiras que seriam irreconhecíveis para os primeiros cristãos judeus. Os apóstolos ficariam chocados com igrejas barrocas cheias de estátuas e pinturas. A missa parece pouco com a Última Ceia com Jesus que eles comemoraram. Os cristãos europeus também adotaram a filosofia grega e a usaram para desenvolver uma teologia sofisticada para explicar o cristianismo. Até as estruturas da lei e da governança romanas foram adaptadas para seu uso. Não estou dizendo que essa adaptação estava errada. O cristianismo teve sucesso na Europa porque se adaptou à sua cultura. O que está errado é a visão monopolista do cristianismo europeu que não permite que outras culturas adaptem o cristianismo como ele fez. Em vez de permitir que o cristianismo se adaptasse às culturas locais, a igreja européia se impôs como outras potências coloniais." [1]

Se em outros tempos isto suscitaria críticas, disciplina episcopal e até censura, nos nossos tempos poucos notariam a afirmação implícita do aniconismo primitivo e de sua tradição judaica; este último, por si só, entraria em divergência com o que iconodulistas da igreja romana defenderam, e ainda defendem. Mas então, qual a causa desta franqueza teológica nos tempos modernos?


SÃO VICENTE DE LÉRINS E A REVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA DO CARDEAL SÃO NEWMAN


Desde o século XIX, por conta dos avanços na pesquisa, do nascimento da Historiografia e da maior disseminação de informação, a crença na origem apostólica, universal e continua de muitos dogmas-chave da religião romana caiu em descrédito, mesmo no seu próprio seio (eg. modernismo). A máxima de São Vicente de Lérins, usada pela Igreja para alegar que cada uma de suas doutrinas havia sido "crida em todos os lugares, sempre, e por todos" (São Vicente de Lerins. Commonitorium. Cap. 6, § 6) tornou-se intelectualmente equivalente a um tipo de folclore. A desmoralização teológica de Roma, contudo, foi aliviada por ação de um certo apóstata anglo-católico.

John Henry Newman se destaca por sua ruptura direta com o tradicionalismo vicentista, propondo um novo modelo de ver as contradições entre o modelo apostólico e aquilo que foi definido posteriormente pelo Magistério Romano: "a doutrina se desenvolvia".

Para falar a verdade, os motivos que levaram Newman a propor esta conciliação vinham muito menos da sua certeza que todas as doutrinas romanas eram corretas e mais de sua antiga desilusão religiosa:

"E pelo menos uma coisa é certa: seja o que for que a História ensina, seja o que for que ela omite, seja o que for que ela exagera ou diminui, o que ela diz ou não diz, pelo menos o Cristianismo da História não é o Protestantismo. Se alguma vez existiu alguma verdade segura, é esta." [2]

Embora muito tenha sido escrito contra e em defesa da ortodoxia do Desenvolvimento Newmaniano, o que não cabe ser tratado em intensidade aqui, o fato é que Newman quebra com a Regra de Vicente e com a concepção de desenvolvimento de doutrina do mesmo. A  Regra de Vicente, ou Vicentismo, sempre foi aceita por papistas e cristãos de outras tradições para falsear a validade de doutrinas.

"Não parece possível, então, evitar a conclusão de que, qualquer que seja a chave apropriada para harmonizar os registros e documentos da Igreja Primitiva e da Igreja mais tardia e considerando como verdadeiro o ditado de Vicente, deve ser considerado em abstrato, talvez até possível ser aplicado em sua própria época, quando ele quase que poderia pedir aos séculos primitivos o seu testemunho. Isso dificilmente está disponível agora, ou efetivo para qualquer resultado satisfatório. A solução que ele oferece é tão difícil quanto o problema original." 
 (NEWMAN, John H. An Essay on the Development of Christian Doctrine. New York: Longmans, Green and Co., 1927. p. 27.)

São Vicente defende um desenvolvimento que seja "um progresso real, e não uma alteração da fé. [...]; isso é, na mesma doutrina, no mesmo sentido, e no mesmo significado." (São Vicente de Lerins. Commonitorium. Cap. 6, §54). São Newman, por oposicão, revela um viés de confirmação digno de um fanático cego:

 "Ainda assim, os fundamentalistas perguntam, onde está a prova da Escritura? A rigor, não há nenhuma. Foi a Igreja Católica que foi comissionada por Cristo a ensinar a todas as nações e ensiná-los infalivelmente. O simples fato de que a Igreja ensina a doutrina da Assunção como definitivamente verdadeira é uma garantia de que ela é verdadeira " [3].

Uma completa mistura de Raciocínio Circular e Petição de Princípio que qualquer ortodoxo, nestoriano, miafisista ou mesmo maometano poderia fazer uso.

Mas, numa coisa, devemos creditar a ele: a ideia de que o culto às imagens não precisou ter sido legado pelos apóstolos, bastando sua aprovação canônica, desobrigou a apologética papista de um fardo incarregável, nos dando uma oportunidade única de explorarmos as consequências dogmáticas desta mudança.


POSIÇÕES PAPISTAS MODERNAS


Com o afrouxamento teológico inaugurado por Newman, uma parte substancial da apologética papista aderiu ao novo discurso: admite-se agora que a iconodulia foi uma evolução, embora a realidade da sua contínua oposição tenha sido, dependendo da honestidade do discurso em questão, mais ou menos lembrada.

Alguns ainda optam pela narrativa da origem no ensino apostólico, isto é, de iconodulia primitiva ou apostólica. Poderíamos citar o Padre Paulo Ricardo, o Catequista e o Rafael Rodrigues do Apologistas Católicos nesta corrente ultrapassada. No entanto, aqueles que buscam dar mais credibilidade e ares de metodologia em seus textos optam pelo processo evolutivo. Este é o caso do próprio Newman:

"Na vida de Constantino, escrita por Eusébio, a figura da Cruz mantém o lugar mais notável; o imperador a vê no céu e se converte; ele a coloca em seus estandartes; ele a insere na sua própria mão quando ele ergue sua estátua; em todo lugar a Cruz é disposta nos seus estandartes [...]. Pouco depois, Juliano abertamente acusa os cristãos de cultuar a madeira da Cruz, embora se recusem a cultuar os ancis. Em uma era mais tardia, o culto às imagens será introduzido. " (NEWMAN, John H. An Essay on the Development of Christian Doctrine. Cap. 8, § 6. 3)

Para Newman, a iconodulia teria de esperar ainda mais. Quanto a acusação de staurolatria feita pelo imperador Juliano, verdadeira à época ou não, convêm lembrar que Tertuliano, no final do século II, negava que os cristãos praticassem o culto a cruz [4]. Newman ainda comenta mais sobre a questão das imagens:

"Esta era visão das 'Evidências de Cristianismo' das quais um bispo do século V ofereceria para a conversão dos descrentes.

A introdução de Imagens seria ainda mais tardia, e encontraria mais oposição no Ocidente que no Oriente. [...] eu agora irei citar São João Damasceno em defesa dos desenvolvimentos mais distantes no século oitavo." [5]

Note bem, a referência de Newman para a doutrina do culto às imagens é de um escrito medieval do século oitavo. O tratado de Damasceno foi escrito numa época de prevalência aniconista, que foi dogmatizada no Concílio Ecumênico de Hieria (754), contradito mais tarde do Concílio Ecumênico de Nicéia II (787) e, este último, contradito pelo Sínodo de Constantinopla (815), que restituiu o aniconismo. Em certos aspectos, Newman é sensato por conceder um estabelecimento tão tardio, apesar de sacrificar sua credibilidade doutrinária: ela mesma foi condenada num concílio ecumênico não muito depois de ser escrita, com os próprios concílios contradizendo-se uns aos outros.

A Enciclopédia Católica (1910), apesar de alguns rodeios apologistas, atesta:

"Filostórgio (que era um iconoclasta muito antes do século oitavo) diz que no século IV os cidadãos romanos cristãos do Oriente ofereciam presentes, incenso e até orações para estátuas do imperador (Hist. eccl., II, 17). Seria natural para que pessoas que se curvavam, beijavam e incensavam águias imperiais e imagens do César [...] devessem dar os mesmos sinais à cruz, às imagens de Cristo e ao altar. De tal forma que nos primeiros séculos bizantinos, cresceram tradições de respeito que gradualmente se fixaram, como todo cerimonial. Tais práticas se espalharam em alguma medida para Roma e para o Ocidente, mas sua casa era a Corte em Constantinopla. Muito depois, os bispos francos no século oitavo ainda eram incapazes de entender formas que no Oriente eram naturais e óbvias, mas, para os alemães, elas pareciam ser degradantes e servis" [6].

Monsenhor Urbano Zilles, sacerdote papista da Arquidiocese de Porto Alegre, também concede a realidade do processo transformista, embora tentando sempre persuadir o leitor de sua ortodoxia:

"Nem o Antigo nem o Novo Testamento, bem entendidos, proíbem a arte, a produção de imagens profanas. A imagem religiosa encontrava resistência não só em vista do perigo da idolatria. Eusébio de Cesárea se opôs ao pedido de Constantino de ter uma imagem de Cristo, dizendo ser impossível representar com cores mortas e sem vida este Jesus que já na terra era irradiação da glória divina (PG 20,1545). Gregório Magno repele a adoração das imagens, mas aceita seu uso pedagógico.
[...]
O cristianismo primeiro evitou, em geral, o culto das imagens por causa do perigo da idolatria. Mas cedo introduziu imagens como adorno e ilustrações, passando depois ao seu culto, sobretudo no Oriente. Aparecem, então, símbolos e figuras decorativas que lembram os mistérios da salvação em torno da pessoa de Jesus e dos apóstolos. Em pinturas e esculturas, artistas passaram a representar as imagens de Cristo: Jesus como pastor, Jesus como pescador com seus apóstolos ou Jesus nos diversos relatos evangélicos. As imagens passaram a recordar a imagem original. 

Nos séculos IV e V, com o apoio da hierarquia, desenvolveu-se urna iconografia gigantesca, inspirando-se ora no Antigo Testamento, ora no Novo Testamento." [7]

Kallistos Ware, um conhecido bispo ortodoxo norte-americano, tem a explicação mais franca neste aspecto:

"O primeiro tipo de ícone a receber veneração não era religioso, mas secular: o retrato do imperador. Isso foi considerado uma extensão da presença imperial, e as honras que foram mostradas pessoalmente ao imperador também foram prestadas ao seu ícone. Incenso e velas foram queimadas diante dele e, como sinal de respeito, os homens se curvaram diante dele no chão, sendo essa prostração normalmente descrita pelo termo proskynesisEsse culto à imagem imperial remonta aos tempos pagãos: com a conversão do imperador ao cristianismo, ele foi prontamente aceito pelos cristãos, e nenhuma objeção foi levantada por parte das autoridades eclesiásticas.

Se os homens prestavam tamanho respeito à imagem do governante terrestre, não deveriam eles demonstrarem igual reverência à imagem de Cristo, o rei celestial? Esta era uma inferência óbvia e natural, mas não foi feita de uma só vez. De fato, proskynesis foi mostrada em relação às relíquias dos santos e da Cruz antes de começar a ser mostrada em direção ao ícone de Cristo. Não antes do período posterior a Justiniano, entre os anos 550 e 650, que a veneração de ícones nas igrejas e casas privadas tornou-se largamente aceita na vida devocional dos cristãos orientais. Por volta dos anos 650-700 as primeiras tentativas foram feitas por escritores cristãos para prover uma base doutrinal para este crescente culto aos ícones e para formular uma teologia cristã da arte. De interesse particular é a obra, sobrevivente apenas em fragmentos, de Leônio de Neapolis (no Chipre), revidando o criticismo dos judeus.” [8]

Embora os católicos romanos costumem amaciar a realidade da novidade e da transformação doutrinária, as suas concessões são encontradas em fontes acadêmicas:

"A Iconofilia carolíngia não cruzou para a iconodulia [...]. Quando Theodulf encontrou argumentos sobre a santidade das imagens na acta nicena, ele se escandalizou, boquiaberto de tão horrorizado. Imagens eram meramente madeira e tinta. Uma imagem que é velha e defeituosa pode ser descartada. Apenas Deus é verdadeiramente santo. [...] Mas nenhuma imagem pode, sequer, ser santa. É divertido notar que quando o Opus Caroli de Theodulf foi descoberto e publicado por eruditos calvinistas no século XVI, a Igreja Católica respondeu o colocando no Índex de Livros Proibidos, alegando ser uma fraude recente designada para manchar Carlos Magno e o ensino tradicional católico sobre as Santas Imagens. Porque, é claro, as imagens no Ocidente adquiriram santidade nos séculos posteriores ao período carolíngio." [9]

E ainda, sobre os ensinos e práticas católicas sobre imagens:

"Os carolíngios encontraram uma variedade de práticas das quais eles eram complemente desconhecidos. [...] Theodulf não conhecia nada destas práticas e rejeitava todas como perversões heréticas. Nas fontes do século nono algumas fracas mudanças são evidentes. [...] essas práticas incluem se curvar, genuflexionar, ajoelhar, estender os braços em oração ou beijar. Em todos os casos, porém, estas ações parecem pertencer somente a cruz" [10].

O iconismo franco-germânico só começou a fazer concessões no século IX, e mesmo assim, ainda era anti-iconodulista, uma vez que a própria cruz não era ela mesma um ícone.

O bispo Kallistos Ware fala ainda mais sobre a recepção do culto às imagens no mundo grego, seu local de origem:

"Os iconoclastas podem ter sido influenciados do lado de fora, por idéias judaicas e islâmicas, sendo significativo que três anos antes do primeiro surto iconoclasta no Império Bizantino, o califa maometano Yezid ordenou a remoção de todos os ícones em seus domínios. Mas o Iconoclasmo não foi simplesmente importado de fora; dentro do Cristianismo sempre existiu aspecto "puritano" que condenava ícones porque via em todas as imagens uma idolatria latente. Quando os imperadores isaurianos atacaram ícones, encontraram bastante apoio dentro da Igreja. Típica dessa visão puritana é a ação de São Epifânio de Salamina (315-403), que, ao encontrar num vilarejo palestino uma cortina tecida com a figura de Cristo numa igreja, derrubou-a com indignação. Essa atitude sempre foi forte na Ásia Menor, e alguns sustentam que o movimento Iconoclasta foi um protesto asiático contra a tradição grega. Mas há dificuldades em tal visão; a controvérsia foi realmente uma divisão dentro da tradição grega." [11]

Fica auto-evidente que o iconodulismo, mesmo na sua fase madura, não cumpriu nenhum dos requisitos da Regra de São Vicente: não era crida por todos, nem em todos os lugares, e nem sempre. Rigorosamente nem no próprio berço do Iconodulismo essa inovação era muito bem recebida, como podemos ver pelo apoio grego ao aniconismo.
 
Em muitas maneiras, a admissão do processo construtivo da iconodulia é uma marca clara de fracasso teológico. É um consentimento para o fato de que não é possível crer que a Igreja cultava imagens por pelo menos seis séculos. A nova defesa, buscando ser menos medíocre, defende o iconismo da Igreja nos séculos III, IV ou VI, e daí argumenta na sua transformação para o culto às imagens.

Mas isto é mesmo compatível com a religião romana e greco-oriental? Isto é, pode um adepto destas religiões escapar do "terraplanismo teológico" e adotar um desenvolvimento transformista sem deixar de ser membro dela? Como veremos, isto é impossível: um romano ou grego que defende a transformação, mesmo que seja do Iconismo para a Iconodulia, deixa de ser um romano ou greco-oriental no exato momento que o faz.


A POSIÇÃO CANÔNICA DO CULTO AOS ÍCONES: DEFINIÇÃO DE NICÉIA II


Muitas pessoas estranhariam o rigor aplicado à censura das obras carolíngias por mero anti-iconodulismo. Não era uma mera peculiaridade: a religião papista sempre foi vicentista. As obras carolíngias representavam, assim, uma grave ameaça à narrativa romana, motivando sua censura e perseguição. Desnecessário dizer, a religião greco-oriental, ou "ortodoxa", também o é, fazendo desta uma profissão de fé ad nauseam.

A questão do culto às imagens também se aplica no vicentismo, com repetições exaustivas na documentação dogmática de ambas as religiões sobre a apostolicidade e a imutabilidade, que no fim das contas querem significar praticamente a mesma coisa.

O Decreto do Segundo Concílio de Nicéia é um dos casos mais notórios desse vicentismo estrito, com a crença firme que a doutrina da Igreja sempre foi a mesma desde os tempos apostólicos.

Nossa referência foi retirada de um endereço católico reconhecido chamado "Papal Encyclical Online", que contém a definição conciliar acompanhado de negritos e informações em parênteses, feitas pela própria página. Não alteramos estas ênfases buscando preservar a integridade da citação, que também confirma a dissertação deste artigo.

"Portanto, o Senhor Deus, não suportando que o que lhe estava sujeito deva ser destruído por tal corrupção, por sua boa vontade tem convocado e reunido, através da diligência e decisão divinas de Constantino e Irene, nossos fiéis imperador e imperatriz, a nós, que somos aqueles responsáveis pelo sacerdócio em todos os lugares, para que a tradição divinamente inspirada da igreja católica receba confirmação por decreto público. Assim, tendo investigado com toda a exatidão e tendo seguido conselhos, estabelecendo para o nosso objetivo a verdade, não diminuímos nem aumentamos, mas simplesmente guardamos intactos tudo o que pertence à igreja católica.
[....]
Para resumir, nós declaramos que defendemos livre de todas as inovações todas as tradições eclesiásticas escritas e não escritas que foram confiadas à nós. {O Concílio formula pela primeira vez o que a Igreja sempre acreditou no que diz respeito aos ícones} [...] seguimos que nós somos o ensino falado de Deus dos nossos santos pais e da tradição da igreja católica  — porquanto nós reconhecemos que esta tradição vem do Espírito Santo que habita nela — nós decretamos com plena precisão e cuidado que, assim como a figura da honrada e vivificante cruz, as reverendas e santas imagens devem ser expostas [...] e que se preste a estas imagens o tributo de saudação e veneração respeitosa. 
[...] 
Ademais, as pessoas são chamadas para honrar essas imagens com a oferenda de incenso e velas, conforme estabelecido piedosamente pelo costume antigo. De fato, a honra dada a uma imagem a atravessa, alcançando o modelo; e quem venera a imagem, venera a pessoa representada nessa imagem. É assim que o ensino de nossos santos pais é fortalecido, a saber, a tradição da igreja católica que recebeu o evangelho de uma extremidade à outra da terra. É assim que realmente seguimos Paulo, que falou em Cristo, e todo o divino grupo apostólico e a santidade dos pais, nos apegando firmemente às tradições que recebemos.

Portanto, todos aqueles que ousam pensar ou ensinar algo diferente, ou que seguem os malditos hereges em rejeitar tradições eclesiásticas, ou que inventam inovações, ou que rejeitam qualquer coisa confiada à igreja [...] ordenamos que sejam suspensos se forem bispos ou clérigos, e excomungados se forem monges ou leigos." [12]

Na lista dos "Anátemas relativos às Sagradas Imagens" lê-se:

"Se alguém não saudar tais representações do Senhor e dos seus santos, que ele seja anátema. Se alguém rejeitar qualquer tradição escrita ou não-escrita da igreja, que ele seja anátema". [12]

É claro que existem algumas pequenas irregularidades pela Papal Encyclicals: "e que se preste a estas imagens o tributo de saudação e veneração respeitosa", é corretamente traduzido como "e que se preste o culto de saudação ..." [13]. A seleção higienizada dos termos não foi inocente, mas não muda o fato de que o Concílio anatemiza quem ensina algo diferente da iconodulia apostólica e do príncipio de imutabilidade correspondente ao vicentismo: precisamente o que a religião romana faz desde o século XIX.

O Concílio deixou estupidamente óbvio que a Igreja é a própria Palavra de Deus e a própria Tradição, tornando infalível tudo que ela diz. E embora isso soe megalomaníaco até para os adeptos do espírito do Concílio Vaticano II (1962-65), esta é essencialmente a natureza do próprio papismo.

O chamado Triunfo da Ortodoxia (843), que encerrou a Segunda Iconomaquia, também pronuncia explicitamente:

"Para aqueles que rejeitam os Concílios dos Santos Pais; e as suas tradições que são concordadas como revelação divina; e que a Igreja Ortodoxa Católica piedosamente mantém: anátema! anátema! anátema" [14].

Na perpectiva dogmática, todas as tradições e ensinos da Igreja permaneceram imutáveis.  Por conta disto, o culto aos santos ícones ("santo ícone", por sinal, já implica iconodulia) deve ser defendido como apostólico. Quem defende outra coisa diferente, mesmo atue por mera dissimulação contra protestantes, estão ejetados da Igreja e entregues ao Diabo e seus anjos. Newman, os envolvidos na Enciclopédia Católica e uma grande parte dos apologistas e fiéis católicos incorrem todos nestas condenações.

Mas isto não se aplica meramente a quem 


O TESTEMUNHO E DECRETO DO OITAVO CONCÍLIO ECUMÊNICO (869-870)


Curiosamente o fato de um dos maiores corruptores da doutrina iconodula na Igreja Romana seja também o maior entustiasta do newmanismo ainda vivo. Dave Armstrong, um dos maiores apologistas católicos da atualidade

: é o caso do famoso apologista Dave Armstrong. Ao ser confrontado com o fato de que Nicéia II ordena que a iconodulia é condição essencial para que alguém possa fazer parte da Igreja, Armstrong se protege e se alinha com a defesa da católica Marcia Dietrich, que define:

"O Concílio não disse que você precisa se curvar ao ícone, mas que ele pode ser exposto; [....] 'pode ser beijado', mas não 'deve ser beijado contra a sua vontade ou você está fora'. [...] o concílio estava protegendo arte religiosa ... não forçando pessoas a curvar-se a ídolos contra sua vontade." [15]

Esta apologia contradiz as ordens explícitas do Concílio que afirmam anátema contra quem "não saudar tais representações"






Apesar dos iconodulas considerarem Segundo Concílio de Nicéia como o marco definitivo da questão e o triunfo da fé verdadeira, o
 anticonodulismo e a iconoclastia se provaram bem mais persistentes no seio cristão que os esforços de um concílio ad Hoc em prol do iconodulismo. O retorno oficial da iconoclastia no Sínodo de Constantinopla (815), inaugurando a Segunda Iconomaquia e anulando Nicéia II (787), gerou ecos sentidos até tão tardiamente quanto aquilo que os iconodulas papistas chamam de Oitavo Concílio Ecumênico, ou Concílio de Constantinopla IV (869-870). 

Embora este concílio não seja reconhecido por melquitas, em virtude da negação de certas doutrinas particulares aos mesmos, sua aceitação pela Igreja Romana é essêncial nesta análise, uma vez que diversos papistas contemporâneos deturpam 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ita per imagines arte

"Estabelecemos que as santas imagens (effigiem) do Nosso Senhor Jesus Cristo devem cultuadas com veneração (veneratione colendam) similar às escrituras evangélicas. Pois, da mesma forma que a palavra escrita do Evangelho leva todos nós à salvação, assim também fazem as pinturas artísticas, pintadas e definidas em cores; doutos e indoutos podem obter benefício delas. Porque tudo o que as palavras oram (oratio), as pinturas coloridas dizem e representam. Logo, quem não adora (adorat) a imagem de Cristo, o Salvador, verá Sua face. 



 quando vier na glória de seu pai para ser glorificado e glorificar seus santos, 

mas que seja cortado de sua comunhão e esplendor; 



It is only right then, in accordance with true reason and very ancient tradition that icons should be honored and venerated in a derivative way because of the honor which is given to their archetype, and it should be equal to that given to the sacred books of the holy gospels and the representation of the precious cross.



If anyone then does not venerate the icon of Christ, the saviour, let him not see his face when he comes in his father’s glory to be glorified and to glorify his saints’, but let him be cut off from his communion and splendour; similarly the image of Mary, his immaculate mother and mother of God, we also paint the icons of the holy angels just as divine scripture depicts them in words; we also honour and venerate those of the highly renowned apostles, prophets, martyrs and holy men as well as those of all the saints. Let those who are not so disposed be anathema from the Father, the Son and the holy Spirit.



É justo então, de acordo com a verdadeira razão e tradição muito antiga, que os ícones devam ser honrados e venerados de uma forma derivada por causa da honra que é dada ao seu arquétipo, e deve ser igual à dada aos livros sagrados dos santos evangelhos e a representação da cruz preciosa.




Da mesma forma a imagem de Maria, a Mãe Imaculada e mãe de Deus, nós também pintamos os ícones dos Santos Anjos, assim como a Escritura divina os descreve em palavras; Também honramos e veneramos os apóstolos, profetas, mártires e homens santos altamente renomados, bem como os de todos os santos. Que aqueles que não estão dispostos sejam anátema do Pai, do Filho e do Espírito Santo.






De forma que 
Pois, assim como as palavras do Evangelho nos conduzem à salvação, assim também as imagens artísticas, através de 

pintam e expressam








If anyone then does not venerate the icon of Christ, the savior, let him not see his face when he comes in his father's glory to be glorified and to glorify his saints', but let him be cut off from his communion and splendor; Similarly the image of Mary, the Immaculate Mother and mother of God, we also paint the icons of the Holy Angels just as divine scripture depicts them in words; We also honor and venerate those of the highly renowned apostles, prophets, martyrs and holy men as well as those of all the saints. Let those who are not so disposed be anathema from the Father, the Son and the Holy Spirit.



 através de suas cores produzem o mesmo efeito, e todos, eruditos ou não, podem tirar proveito disso.







A mensagem que veio até nós através da palavra escrita é a mesma trazida através das cores da pintura. Já que a honra 


surpreendentemente



Summário: as imagens do Nosso Senhor e da Sua Bendita Mãe, dos apóstolos, profetas, mártires e santos devem ser devidamente honradas e veneradas. 


. Entre os assuntos tratados pelo mesmo, está a questão do culto às imagens:

"Cânon III






ser cu





 Text. The holy images of our Lord Jesus Christ shall be honored in like manner as the Gospel-book. For, as the words of the Gospel lead us to salvation, so also do the pictures through their colors produce the same effect, and all, learned and unlearned, can derive benefit therefrom. The message that comes to us through the written word, the same is brought home to us through the color of the Picture. Since the honor directed toward the picture reverts in intention to the prototype, it follows, in accordance with right reason and ancient tradition, that pictures must be honored in the same manner as the Gospel-book and the picture of the precious cross. If, therefore, anyone does not now honor the picture of Christ, he shall not see His form when He comes to glorify His saints. Likewise do we design pictures and images of His Blessed Mother and of the angels, as also the Sacred Scriptures picture them for us in words; also of the Apostles, prophets, martyrs, and all the saints .



"Ele primeiro estabelece muito claramente os pontos em questão entre os partidos rivais, então procede para refutar Cláudio e provar a doutrina católica, inicialmente notando que era uma insolência espantosa que qualquer homem pudesse ousar 'censurar e blasfemar aquela doutrina e prática que por 820 anos ou mais foi seguida pelos Benditos Pais, pelos príncipes mais religiosos, e por todas as famílias cristãs até o presente momento'.

Após provar que estas práticas não eram apenas permitidas, mas sancionadas pelo próprio Deus no Pentateuco, ele prossegue para estabelecer esta tradição da Igreja Católica, citando a maioria dos Pais Latinos e Gregos, os poemas de Paulino, Prudêncio e Fortunato, os Atos dos Mártires e a liturgia da Igreja. Ele cita, mais ainda, o Apocalipse, os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos, em grande extensão, para provar a mesma doutrina, alegando que ela foi a crença e prática universal no Oriente e no Ocidente desde os dias do apóstolos até o seu próprio tempo. Os gregos erraram recentemente, mas seus erros foram retratados e condenados" [11].

[11] HEALY, John. Insula Sanctorum Et Doctorum Or Ireland's Ancient Schools And Scholars. Londres: Read Books Ltd, 2016.

 Consta nele um decreto claríssimo sobre o culto 

Entre os decretos do Concílio, consta

estão a reafirmação do culto às imagens, 



 o que é basicamente o nosso interesse nesta análise:  


One of the key elements of the Council was the reaffirmation of the decisions of the Second Council of Nicaea in support of icons and holy images. The council thus helped stamp out any remaining embers of Byzantine iconoclasm. 

Specifically, its third Canon required the image of Christ to have veneration equal with that of the gospel book:[6] We decree that the sacred image of our Lord Jesus Christ, the liberator and Savior of all people, must be venerated with the same honor as is given the book of the holy Gospels. For as through the language of the words contained in this book all can reach salvation, so, due to the action which these images exercise by their colors, all wise and simple alike, can derive profit from them. For what speech conveys in words, pictures announce and bring out in colors.

foram 


AQuan



Mais do que simplesmente uma doutrina ortodoxa ou de natureza imutável , o culto às imagens é uma prática mandatória, como estabelecido pelo Concílio: uma ordenança, não um adiáfora (ie. prática indiferente ou sujeita à consciência do fiel). E apesar disto ser 

Isto deve ser estabelecido de forma clara, 





uma simples prática 


O Culto às Imange


Da mesma forma, o culto aos ícones é uma prática mandatória, não adiáfora (indiferente) ou sujeita à consciência do fiel. 

A
A ordenan

É extremamente necessário salutar a ordenança do culto às imagens, 


Este ponto deve ficar claro: o culto às imagens é um mandamento, não um adiáfora

é especialmente relevante porque a apologética papista moderna por vezes perverte também a obrigatoriedade deste ensino


: é o caso do famoso apologista Dave Armstrong. Ao ser confrontado com o fato de que Nicéia II ordena que a iconodulia é condição essencial para que alguém possa fazer parte da Igreja, Armstrong se protege e se alinha com a defesa da católica Marcia Dietrich, que define:

"O Concílio não disse que você precisa se curvar ao ícone, mas que ele pode ser exposto; [....] 'pode ser beijado', mas não 'deve ser beijado contra a sua vontade ou você está fora'. [...] o concílio estava protegendo arte religiosa ... não forçando pessoas a curvar-se a ídolos contra sua vontade." [15]

Esta apologia contradiz as ordens explícitas do Concílio que afirmam anátema contra quem "não saudar tais representações". Os desvios de Armstrong continuam, conforme ele também admite a existência de pais iconoclastas, como Santo Epifânio: "E daí se Epifânio era contra imagens? Ele não é a Igreja." [15]

Armstrong, por ser ignorante sobre o conteúdo do Concílio, do dogma da Igreja e do básico de doutrina católica, não se deu conta que:

I) Santo Epifânio ser iconoclasta o colocaria como herege anatemizado nas condições do Concílio, assim como iconoclastas póstumos condenados no mesmo [16];

II) Se ele é iconoclasta, seu status de santo canonizado foi errôneo. E como canonizações são infalíveis, uma canonização incorreta refuta a Infalibilidade da Igreja e a Infalibilidade Papal;

III) O Concílio de Nicéia II sabia dessas consequências. Sua alegação de que "nós somos o ensino falado de Deus dos nossos santos pais e da tradição da igreja católica" , assim como outras de denotação idêntica, indicam que o ensinamento do Concílio era o ensino do Pais. E o ensino dos Pais era o ensino da Igreja e a Tradição. Vide o realce da Definição Canônica dada pela Papal Encyclicals: "O Concílio baseia se baseia na inspiração da Tradição e em si mesmo" [17].

Por esta mesma razão eles criaram métodos falaciosos para descartaram todos os pais aniconistas que lhes viessem a mente: os escritos de São Epifânio eram falsos, o testemunho de Eusébio de Cesaréia é inválido porque ele era ariano, etc. Catecismos negacionistas foram produzidos justamente para maquiar a existência de um Padre católico ou santo de ser iconoclasta.

Armstrong persiste em mais erros: 

"Schaff nota que a Igreja adotou apenas gradualmente imagens de Cristo, mas não era contra outras imagens [...] Por volta de meados do século V, retratos e representações de Cristo se tornaram bem comuns, o que não deveria ser difícil, já que a doutrina de Cristo estava, nesta mesma época, sendo finalizada na forma calcedônia das Duas Naturezas." [18].

Fortemente dopado pelo seu newmanismo, Armstrong associa a possibilidade de representações de Cristo por conta da definição calcedônia de que Cristo era Homem e Deus. Esta concepção não só é um descarte completo da tradição papista como também denigre a própria apostolicidade da doutrina das Duas Naturezas de Cristo.

Rigorosamente falando, Armstrong é um apologista tão despreparado e heterodoxo que ele nega a própria doutrina papista do culto aos ícones. Ao comentar sobre a proibição do Segundo Mandamento, ele afirma que:

"Contexto, no entanto, torna muito claro que é a idolatria que esta sendo condenada. O próximo verso afirma: ' Não te curvarás a elas ou irá cultuá-las .... (NVI, NRSV)'

Em outras palavras, meros blocos de pedra ou madeira (elas) não devem ser cultuadas, já que isto é idolatria grosseira, e objetos inanimados não são Deus, [...] Imagens de criaturas como Maria ou Miguel, o arcanjo, são meramente representações, por uma questão de honra ou veneração. Isso não é adoração, ou culto, reservados apenas a Deus, tanto na teologia católica e ortodoxa quanto na protestante. Quem pensa de outra maneira é simplesmente ignorante sobre a nossa teologia. Pedir a um santo que interceda não é adoração." [18]

Armstrong, que é um defensor aberto do espírito do Vaticano II, claramente não leu as declarações da constituição dogmática do Concílio:

"O Culto da Bem-Aventurada Virgem na Igreja

Posta pela Graça de Deus como Mãe de Deus, após seu filho, e exaltada acima de todos os anjos e homens, Maria intervém nos mistérios de Cristo e é justamente honrada por um culto especial na Igreja. 
[...]
Este Santo Sínodo ensina deliberadamente essa doutrina católica e, ao mesmo tempo, admoesta a todos os filhos da Igreja que o culto, especialmente o culto litúrgico, da Bem-Aventurada Virgem, seja generosamente promovido, e as práticas e exercícios de piedade recomendados pelo magistério da Igreja a ela no curso dos séculos sejam feitos como grande ocasião. E aqueles decretos, que foram dados nos primeiros dias a respeito do culto às imagens de Cristo, da Santíssima Virgem e dos santos, devem ser religiosamente observados." (Lumen Gentium. Cap. VIII. Seção IV. §66-67)

Mas não é necessário exigir algo moderadamente erudito. Bastava que Armstrong abrisse o Catecismo, que é utilizado para educar crianças e neófitos:

“O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos.” (Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 2132).

Aquele que é tido como um dos principais apologistas papistas dos EUA professa e ensina heresia, desinforma os próprios correligionários, chamando quem disto discorda de "ignorante", efetivamente desviando do que é encontrado até em manuais catequetéticos de neófitos e crianças. Só podemos explicar isso nas palavras de Jesus: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco?" (Lc 6:39).

Por todos estes motivos, os poucos autores iconodulas conscientes da sua real situação se encontram em grande desespero para vencer o parecer acadêmico, que lhes é contrário.

"Para todos os iconófilos, ou seja, aqueles que aceitam o dogma do Sétimo Concílio Ecumênico, mas especialmente os ortodoxos que afirmam que o ícone tem um caráter sacramental e místico, é naturalmente inquietante ouvir a afirmação de que os primeiros cristãos eram anicônicos e iconofóbicos. Se essa afirmação for verdadeira, a teologia e a veneração do ícone serão seriamente minadas. Portanto, é natural que iconófilos tentem refutar a tese segundo a qual os primeiros cristãos não tinham nenhuma imagem (anicônica) porque acreditavam que eram ídolos (iconofóbicos). É igualmente natural para iconófilos querer substanciar, tanto quanto possível, sua profunda intuição de que as raízes da iconografia cristã remontam à era apostólica." [19]

O padre Bigham, apesar de seus erros na definição dos termos aniconista, iconofóbico e iconófilo, expõe a gravidade da situação iconodula: não é possível professar o Segundo Concílio de Nicéia e admitir uma transformação doutrinária.


A POSIÇÃO CANÔNICA DO CULTO AOS ÍCONES: AS EPÍSTOLAS DE SÃO GERMANO E DO PAPA GREGÓRIO II


Quando afirmo que é necessário para o papista ou o ortodoxo ter que defender a apostolicidade do culto às imagens, isso talvez ainda pareça uma exigência cruel e sem base para os papistas mais céticos, mesmo apesar de toda a evidência trazida até aqui. Isto é desnecessário aos greco-orientais, dado que eles já mantém o vicentismo doutrinário, vide o artigo do Robert Arakaki:

"Qualquer tentativa de refutar a veneração de ícones deve ser contrária à decisão tomada em Nicéia II e aos primeiros teólogos como João de Damasco. Portanto, uma das tarefas deste artigo não é apenas avaliar a posição de Calvino nos ícones em seu próprio terreno, mas também em relação à ortodoxia histórica.
[...]
É preciso mostrar como essas referências demonstram um consenso universal entre os Padres da igreja (i.e o famoso cânone de Vicente de Lerins: "O que é crido em todos os lugares, sempre e por todos" Quod ubique, quod sempre, quod ab omnibus). No campo do direito constitucional, o argumento mais forte do jurista se apóia nas conclusões da Suprema Corte, não nos tribunais inferiores." [20]

Apesar das ignorâncias e falácias óbvias de Arakaki, especialmente a de considerar João Damasceno como um dos "primeiros teólogos", o fideísmo teológico dos ortodoxos preserva a consistência de imutabilidade doutrinária de Nicéia II:

"E o Santo Concílio bradou bem alto: Nós cremos nisto: todos pensamos iguais, nós todos acreditamos nisto que temos subscrito. Esta é a fé dos apóstolos, esta é a fé dos ortodoxos: esta fé foi confirmada pela Palavra. Crendo em Um Deus, celebrado em Três Pessoas, nós saudamos as veneráveis imagens. Que aqueles que pensam o contrário sejam separados da Igreja. Nós seguimos a antiga ordem da Igreja. Nós observamos a ordem e as leis dos pais. Nós anatemizamos aqueles que adicionam qualquer coisa ou tiram qualquer coisa da Igreja." [21]

Marie-José Mondzain, especialista em Iconomaquia Bizantina, constata que o debate entre iconoclastas e iconodulas sempre se deu em torno de uma concepção vicentista, ie. de imutabilidade e de perenialidade na crença e na prática:

"Uma característica adicional que surge da semelhança de fontes e autoridades invocadas diz respeito às listas, elaboradas por ambas as partes, de concílios que haviam ocorrido anteriormente e que ainda detinham autoridade. Claro, como já mencionamos, ninguém, nem naquela época nem antes, queria ser considerado um inovador. A própria ideia de continuidade, portanto, faz parte da santidade, e a inspiração do Espírito Santo não é considerada sequer inovadora." [22]

A crença da apostolicidade na retórica iconodula, indicando sua imutabilidade, é atestado pela historiografia:

"Através do protótipo, ou arquétipo, algo do representado é transferido para a sua imagem, o que explica porquê o imperador poderia estar presente em contextos públicos através dos seus retratos. [...] Este conceito veio a se tornar importante na discussão de ícones, que eram originalmente tratados como retratos. Como os oponentes dos ícones apontaram, retratos de Cristo, sua mãe e dos apóstolos não haviam sido feitos durante os seus respectivos tempos de vida. Mas esse criticismo era rebatido por lendas piedosas sobre a impressão do rosto do salvador num pedaço de pano, ou da pintura de São Lucas retratando a Virgem Maria durante a sua vida" [23].

No confronto com os iconoclastas, os doutores do iconodulismo sempre apelaram para a imutabilidade de doutrina. E se todos os fatos apontavam que os ícones eram resultado da fantasia imaginativa de seus artistas, os iconodulas afirmavam  de fide que na verdade todos os ícones são ou espécimes originais do século primeiro ou cópias fiéis dos mesmos. 

Era essencial para os iconodulas trazer a sua prática até o período apostólico. O Papa Gregório II deu o peso de seu ensino a elas. Mesmo se Nicéia II não tivesse defendido as origens apostólicas de sua prática, papistas ainda seriam cativos pela consciência a seguir aquilo estabelecido por Gregório. Conforme dito por Mendham:

"O Papa Gregório II e o Patriarca Ecumênico Germano estavam muitíssimo unidos no zelo em favor das imagens. Gregório, em sua epístola ao Patriarca, declara que a carta que recebeu dele, notificando seu zelo nessa causa, fez sua alma pular dentro dele de tamanha alegria e de uma nova vida para revigorar sua postura. 
[...]
O Patriarca deu as seguintes razões para sua adesão firme a esse culto: Primeiro, sua grande antiguidade; que, desde o início do Evangelho, a imagem teatral de Cristo e a imagem da Virgem foram colocadas em todas as partes nas igrejas e foram cultuadas por todos os cristãos. Este culto havia durado setecentos e vinte e seis anos, e nunca havia sido contestado por ninguém além do Imperador. Segundo, que havia sido sancionado pelo próprio Salvador, que fez uma imagem de si mesmo, colocando um lenço sobre o rosto; e esta imagem foi transmitida por um dos apóstolos a Abgarus, rei de Edessa, a quem curou de uma doença dolorosa sob a qual ele sofria. Em terceiro lugar, é alegado o exemplo de um evangelista: pois somos informados de que São Lucas estava acostumado a fazer retratos da Virgem. E, finalmente, o Patriarca acrescentou a pretensa autoridade dos Concílios, que, como ele declarou, já havia ordenado a criação e o culto de imagens. " [24]

A Enciclopédia Católica (1909) realça o apoio papal ao iconodulismo de São Germano, afirmando que o Papa Gregório II "numa extensa epístola louvou seu zelo e firmeza" [25] e confirma a ortodoxia de Germano pelo Magistério da Igreja: "O Concílio Ecumênico de Nicéia (787) conferiu grandes louvores a Germano, que é venerado como santo ambas as Igrejas Latina e Grega" [25]. Gregório comenta sobre o iconodulismo de Germano nos seguintes termos:

"Que prazer e que deleite se comparariam ao jubilo da minha alma quando você me enviou aquele muitíssimo gratificante comunicado a respeito de ti? Quem seria para mim um nome e uma glória tão venerável e tão preciosa, senão o do meu muitíssimo religioso e irmão guiado-por-Deus? Inspirado por estas boas novas, como agora li as suas valiosas cartas, aqueci-me em espírito e quase dancei por excesso de alegria. Então, elevando os meus olhos para o céu, muito cordialmente dei graças a Deus, o Soberano de todos, que até agora te aprovou, e até o fim cooperará contigo e trará todas as tuas obras à luz." [26]

A chamada "Segunda Epístola de Gregório II ao Imperador Leão III sobre a Veneração dos Ícones" confirma a compatibilidade do ensino papal e de Germano, assim como o ensino iconodulista como dado diretamente por Cristo:

"Muito bem, se você desejar, seja Rei e Sacerdote, conforme nos escreveu. Mas se você se envergonhou de, como Soberano, ter dado lugar para acusações contra si mesmo, ao menos escreva para todos que você tem escandalizado: que Gregório o Papa de Roma errou no que diz respeito às imagens, assim como Germano, Patriarca de Constantinopla [...] Nós, de fato, assim como aquele que devem prestar contas ao seu Senhor, entregamos a você instruções e a mesma doutrina que recebemos do Senhor." [27]

O ensino de São Germano, por mais absurdo que seja, foi definitivamente aprovado por Gregório, como confirmado por Mendham. Germano é tratado como "ortodoxo, santificado e iluminado" [26]. Mendham ainda comenta:

"Gregório em sua carta ao imperador amplia ainda mais esta aprovação dada às pinturas nos tempos apostólicos. Não apenas São Lucas era, de acordo com ele, pintor de imagens, mas também todos os homens que amavam a Cristo presentes no dia de Pentecostes, e que estes fizeram imagens não só da Virgem, mas de São Estevão, São Tiago e também de muitos outros mártires, utilizando-as como forma de converter o mundo" [28].

As alegações hiper-extradordinárias de Gregório também alegavam continuidade, de forma que: "Os Concílios não tinham necessidade de falar qualquer coisa sobre imagens como também não tinha necessidade de falar sobre comida e bebida; porque os Bispos que participaram deles estavam muito acostumados a carregar imagens com eles, tanto quanto estariam em tomar refeições diárias." [28].

Alegar que um Papa e Santo da Igreja usou sua posição pontíficia para ensinar mentiras e dar falso testemunho (Nono Mandamento) para enganar e obter uma vantagem ilícita nas doutrinas divinas é o tipo de condenação que nenhum papista poderia suportar. 

Tanto greco-orientais quanto romanistas são obrigados a defender um fardo incarregável: defender que a Igreja sempre defendeu a mesma coisa, sempre, sob pena de anátema, ejeção e condenação do Magistério, dos Doutores da Igreja, dos Papas e dos Santos Iconodulas. Sintetizando no Juramento Anti-Modernista do Papa São Pio X, que constitui uma profissão de fé:

"Eu sinceramente mantenho que a Doutrina da Fé nos foi trazida desde os Apóstolos pelos Padres ortodoxos com exatamente o mesmo significado e sempre com o mesmo propósito. Assim sendo, eu rejeito inteiramente a falsa representação herética de que os dogmas evoluem e se modificam de um significado para outro diferente do que a Igreja antes manteve
 [....]
Também rejeito o erro daqueles que dizem que a Fé mantida pela Igreja pode contradizer a história, e que os dogmas católicos, no sentido em que são agora entendidos, são irreconciliáveis com uma visão mais realista das origens da Religião cristã.
[....]
Além disso, eu rejeito a opinião dos que mantém que um professor ensinando ou escrevendo sobre um assunto histórico-teológico deve antes colocar de lado qualquer opinião preconcebida sobre a origem sobrenatural da Tradição católica ou a promessa divina de ajudar a preservar para sempre toda a Verdade Revelada.
 [....]
Finalmente, declaro que sou completamente oposto ao erro dos modernistas, que mantém nada haver de divino na Tradição sagrada; ou, o que é muito pior, dizer que [...] um grupo de homens, por seu próprio trabalho, talento e qualidades continuaram ao longo dos tempos subsequentes uma escola iniciada por Cristo e por Seus Apóstolos. "[29]

Os Decretos Anti-Modernistas do Papa São Pio X de fato condenam o desenvolvimento newmaniano e o discurso de transformação e novidade no tratamento das imagens, conforme as seguintes teses condenadas:

"22. Os dogmas que a Igreja apresenta como revelados não são verdades caídas do Céu; são uma certa interpretação de fatos religiosos que a inteligência humana logrou alcançar à custa de laboriosos esforços.

52. A constituição orgânica da Igreja não é imutável; a sociedade cristã assim como a sociedade humana, está submetida a uma perpétua evolução.

53. Os dogmas, os sacramentos e a hierarquia, tanto em sua noção quanto em sua realidade, não passam de interpretações e evoluções do pensamento cristão que, por meio de incrementos externos, desenvolveram e aperfeiçoaram um pequeno germe que existia em estado latente no Evangelho." [30].

Os papistas, e até mesmo os greco-orientais, devem então serem unidos à crença absurda, folclórica e anti-histórica de Gregório:

"De todo o mundo vieram homens, alados como águias, para Jerusalém [...]. Estes, tendo visto o Senhor, o representaram conforme a Sua aparência, desenhando uma imagem Dele. E tendo visto Tiaago, irmão do Senhor, o representaram conforme a sua imagem; e, tendo visto Estevão, o Proto-Mártir, eles fizeram uma imagem dele conforme aquilo que viram; e, numa palavra, conforme eles viram os pessoas que derramaram o seu sangue por Cristo, eles fizeram imagens delas. Estas, quando os homens ao redor do mundo as viram, abandonaram as superstições do Diabo, e então honraram a elas, não com honra de latria, mas com honra relativa. E agora, ó Imperador, o que lhe parece certo para você? Que estas deveriam ser honradas ou tomadas como superstição a Satanás? Ademais, quando Cristo se fez presente em Jerusalém, Abgarus, que então oscilava o poder entre os edessianos, tendo ouvido dos milagres de Cristo, escreveu uma epístola a Cristo, e Cristo enviou uma resposta a ele, escrevendo do seu próprio punho, e com a figura da Sua santa e Gloriosa Pessoa. Agora, vá até aquelas imagens não feitas por mãos humanas e veja por si mesmo; porque há multidões de pessoas no Oriente que se juntam e oferecerem lá suas orações; e assim muitas outras destas coisas foram feitas por mãos, cujos exércitos daqueles que amam a Cristo conservam e cultuam, mas que você todos os dias vê e despreza." (Primeira Epístola de Gregório II, Papa de Roma, ao Imperador Leão, em Defesa das Imagens)


Com Deus e armas vitoriosas,
Pedro Gaião.
_________________________________________

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


[1] REESE, Thomas. Synod for Amazon about more than married priests. National Catholic Register. 17 de setembro de 2019. Disponível em: <https://www.ncronline.org/news/opinion/signs-times/synod-amazon-about-more-married-priests?fbclid=IwAR0kSfjqqnBER8CNl1jOn02xb8jAPRko91FoeOUcB4_lNnxTS5NauFBKMcg>. Acesso de 7 de julho de 2020.

[2] NEWMAN, John H. An Essay on the Development of Christian DoctrineUniversity of Notre Dame Press, 1989. p. 7-8. apud ARMSTRONG, Dave. Como Newman me convenceu a tornar-me católico. Disponível em <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/protestantismo/845-como-newman-me-convenceu-a-tornar-se-catolico>. Acesso em 7 de julho de 2020. Tradutor: João Marcos Visotaky Junior.

[3] KEATING, Karl. Catholicism, and Fundamentalism. San Francisco: Ignatius, 1988. p. 275.

[4] Tetuliano. Apologia, cap 16.

[5] r, John H. An Essay on the Development of Christian Doctrine. James Toovey, 1845. p. 362. 

[6] FORTESCUE, Adrian. Veneration of Images. The Catholic Encyclopedia. Vol. 7. New York: Robert Appleton Company, 1910.

[7] ZILLES, Mons. Urbano. Revista Teocomunicação, Porto Alegre, vol. 27, dez. 1997. Disponível em: <https://www.ecclesia.com.br/biblioteca/iconografia/a_iconoclastia.html>.

[8] WARE, Kallistos. The Veneration of Icons: Historical Development. Disponível em: <http://www.angelfire.com/ny4/djw/lutherantheology.wareveneration.html>. Acesso em 6 de junho de 2020.

[9] PRUSAC, Marina. KOLRUD, Kristine. Iconoclasm from Antiquity to Modernity. Ashgate Publishing, 2014. p.101-102

[10] Ibid. p. 102.

[11] WARE, Kallistos. The Orthodox Church (Church History). Cap. 2, seção 3. Disponível em: <http://readeralexey.narod.ru/ENGLISH/Ware2.html#.Xwd9cvJ7k_U>. Acesso em 9 de julho de 2020.

[12] SECOND COUNCIL OF NICEA 787 A.D. Papal Enciclycals. Disponível em: <https://www.papalencyclicals.net/councils/ecum07.htm>. Acesso em 7 de julho de 2020.

[13] The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was estabilished: with copious notes from "Caroline Books", compiled by order of Charlemagne for its confutation.  Tradução do Rev. John Mendham. Londres: 1850. p. 440.

[14] WARE. The Orthodox Church (Church History). Ibid.

[15] ARMSTRONG, Dave. Veneration of Images, Iconoclasm, & Idolatry (An Exposition). Disponível em: <https://www.patheos.com/blogs/davearmstrong/2017/05/veneration-images-iconoclasm-idolatry-exposition.html>. Acesso em 7 de julho de 2020.

[16] The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was estabilished: with copious notes from "Caroline Books". ibid. p. 442.

[17] SECOND COUNCIL OF NICEA 787 A.D. Papal Enciclycals. ibid.

[18] ARMSTRONG. ibid.

[19] BIGHAM, Steven. Early Christian Attitudes towards Images. Orthodox Research Institute, 2004. p. 5.

[20] ARAKAKI, Robert. Calvin versus the Icon: Was Calvin Wrong?. Disponível em: <https://blogs.ancientfaith.com/orthodoxbridge/calvin-versus-the-icon/>. Acesso em 7 de julho de 2020.

[21] The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was established: with copious notes from "Caroline Books". ibid. p. XXX.

[22] MONDZAIN, Marie-José. Image, Icon, Economy: The Byzantine Origins of the Contemporary Imaginary. Stanford University Press, 2005. p. 127.

[23] PRUSAC, M. KOLRUD, K. ibid. p. 174.

[24] The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was established: with copious notes from "Caroline Books". ibid. p. XV-XVI.

[25] KIRSCH, Johann P. St. Germanus I. The Catholic Encyclopedia. Vol. 6. New York: Robert Appleton Company, 1909.

[26] The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was established: with copious notes from "Caroline Books". ibid. p. 216.

[27] Hieromonk Enoch. True Orthodox Ecumenical News. apud MENDHAM. The Seventh General Council, the Second of Nicaea, Held A.D. 787, in which the Worship of Images was Established: With Copious Notes from the "Caroline Books", Compiled by Order of Charlemagne for Its Confutation. Disponível em: <https://nftu.net/letters-of-pope-st-gregory-ii-731-to-emperor-leo-against-heresy-of-iconoclasm/>. Acesso em 11 de julho de 2020.

[28] The Seventh General Council, the Second Council of Nicea, in which the worship of images was established: with copious notes from "Caroline Books". ibid. p. XVI.

[29] Papa Pio X. Juramento contra o Modernismo. MONTFORT Associação Cultural. Disponível em: <http://www.montfort.org.br/bra/documentos/decretos/antimodernismo/>. Acesso em 11 de julho de 2020.

[30] Papa Pio X. Lamentabili Sine Exitu: Das proposições dos modernistas condenadas pela Igreja. MONTFORT Associação Cultural. Disponível em: <http://www.montfort.org.br/bra/documentos/decretos/lamentabili/#6>. Acesso em 11 de julho de 2020.

Comentários

  1. A paz do Senhor.
    Vir seu debate com Davi, sobre a sola scriptura.

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  2. Como posso mim comunicar contigo, têm Instagram?

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  3. O que mais me surpreende nesse assunto todo, é a necessidade extremada que os papistas tem de defender de forma irredutível o culto às imagens, eu sei que isso já é algo estabelecido dentro da doutrina Romana, porém porque isso foi defendido com tanta ênfase? É uma questão que vocês até o momento não tocaram, já vi várias lives, várias participações sua e de outros do seu grupo sobre o assunto e todos tocam apenas na questão apologética, mas ninguém toca na questão primordial: Por que os católicos NECESSITAM de ter imagens? Por que eles lutaram tanto por isso? Por que eles se esforçaram e se esforçam tanto para defender isso? Estou falando da parte espiritual, da parte psicológica, da parte filosófica disso, é algo que me parece muito profundo de se analisar.

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  4. O TESTEMUNHO E DECRETO DO OITAVO CONCÍLIO ECUMÊNICO (869-870)

    Acima desse subtítulo tem um esboço de texto que você não terminou. Sugiro a você que tenha algum amigo pra revisar seus textos antes de publicar, ou que você mesmo faça isso, não me parece muito difícil visto que você não faz muitas publicações.

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