Argumento do Silêncio? Demonstração prática de quando ausência de evidência é evidência de ausência (e quando não é)



Alguns de vocês provavelmente já sabem que, comparado ao estudo de História, meu interesse em apologética só foi surgir relativamente tarde. A História, defendo, é a disciplina secular de melhor custo-benefício para auxiliar a formação apologética, pelas razões e áreas em que se menos espera obter competências multidisciplinares. Este texto vai ajudar a explicar o porquê defendo isso.

A maioria das pessoas interessadas em apologética cristã, seja enveredada para a linha histórica ou não, pode ficar surpresa em saber que "estudar espadinha e homem de lata" é o caminho mais curto, garantido e aprofundado para complementar a formação de um excelente historiador, teólogo e apologista. A razão para isso deriva do fato de você ser forçado a dominar, com os livros e com a ajuda da comunidade, competências como interpretação de fontes, investigação, memorização e juízo crítico de evidências. Se espera que todo hoplólogo e espatólogo tenha visão afiada e raciocínio rápido e holístico para enxergar evidências não vistas pela maioria das pessoas e organizá-las dentro do espaço amostral de entendimento do assunto. O resultado é que essas competências tem um número infinito de aplicações, dentre os quais está a apologética.

Considerando isto, um dos erros mais comuns que eu observo na apologética católica, mesmo no ramo que se julga "mais inteligente que apologista tiozão", é a incapacidade de pesar adequadamente as provas de não-existência de um distintivo papista, que são rapidamente rebatidas com "isso é uma falácia de argumento do silêncio", como se tivessem vencido a discussão. Este tipo de réplica ignora que o nosso método é utilizado até mesmo por eles, sem perceberem, como filtro seguro em base quase-diária. E não são apenas eles ou o resto da pessoas comuns que usam esse filtro: ele é utilizado por cientistas, historiadores e por virtualmente quase todo bom profissional da área. 

Neste texto eu trago dois exemplos historiográficos clássicos do militarismo medieval que são extremamente didáticos em demonstrar quando a ausência de evidência é evidência de ausência, e quando não é. Para os que tiveram dificuldade em entender: vou apresentar as ferramentas, considerações e o entendimento que permite avaliar se, de fato, podemos concluir que algo não existe por não ser mencionado dentro do seu espaço de sua suposta existência.

Ensinar uma lógica não-tão-intuitiva para militantes papistas tornará evidente que, se mesmo assim eles persistirem em negar as provas de inexistência de seus distintivos religiosos, isso ocorre pura e simplesmente pelo desejo irracional de se apegar à sua associação religiosa; o que, com no empirismo, é tipicamente sustentado por apelo emocional, utilitarismo ou pela simples dificuldade egocêntrica em admitir que as suas escolhas e convicções religiosas estavam todas erradas. E não se enganem: a sensação de humilhação e de tempo perdido numa mentira forçam uma pessoa confrontada com a realidade a ignorá-la, relativizá-la ou negociá-la. A psiquê aqui não difere muito das tradicionais problemáticas psicológicos de negação e trauma.


 CAVALEIROS INGLESES NA CRUZADA DE NICÓPOLIS (CASO CONCLUSIVO) 



A Cruzada de Nicópolis (1396) costuma ser considerada um marco na historiografia das Cruzadas. A derrota improvável e vexatória que se seguiu esmagou o espírito cavalheiresco e romântico do Cruzadismo, tornando a resistência e reconquista anti-islâmica um fenômeno praticamente local. Como a última grande cruzada internacional, a expedição trouxe inúmeros combatentes de terras longínquas como Alemanha, Boêmia, Suíça, Itália, Holanda, Espanha, Escócia e, principalmente, França.

À título de contexto, o que se precisa saber sobre a Cruzada é que, na Batalha de Nicópolis, o elemento franco-borgonhês da Cruzada decidiu ir rapidamente e inconsequentemente numa carga de cavalaria pesada, que foi rodeada pelo inimigo otomano e abatida lentamente, enquanto o resto dos cruzados observava à distância. Todos os cavaleiros franceses que não morreram em batalha foram capturados (a grossa maioria destes seria executada posteriormente). O resto das forças cristãs, observando o fracasso francês à distância, simplesmente se desmanchou em fuga, com a grossa maioria destes sendo morta pelos perseguidores otomanos ou no desespero de fuga: navios e botes abarrotados de fugitivos afundaram pelo excesso de peso, cruzados matavam seus semelhantes para aliviar o peso das embarcações ou para impedir que estes escalassem os navios; de várias maneiras, inúmeros cruzados morreram afogados pelo peso das armaduras ou por não saberem nadar. Com exceção dos principais oficiais públicos e daqueles que ficaram por último na fila de execução do sultão, ou que foram capturados após a fuga, todos os cruzados rendidos foram executados.

Então chegamos no nosso problema: uma problemática historiográfica diz respeito à teórica participação de 3.000 cavaleiros (knights) ingleses na Cruzada. Isto também faria da Inglaterra a segunda maior participante da Cruzada, atrás apenas da França, que reuniu 5.000 cavaleiros e escudeiros, além de 6.000 peões bem capacitados. A problemática toda é se realmente houve uma participação do reino da Inglaterra nessa cruzada. 

Enquanto a maioria dos mitos e erros historiográficos segue um padrão de não conseguir figurar nas fontes primárias, a participação desses cavaleiros ingleses é citada por uma fonte primária <contemporânea> da própria Cruzada: Antonio Florentino. 

Alguns poderiam pensar que a existência de fontes escritas, primárias, e ainda por cima contemporâneas dessa participação cavalheiresca seriam evidência conclusiva dela, ainda mais considerando a presença escocesa e a crença de antigos historiadores na participação inglesa. Venhamos e convenhamos: isso é muito mais do que qualquer coisa que o Romanismo consiga trazer nestes debates, de forma que seria extremamente compreensível um leigo crer que Antonio Florentino descreve um fato verídico. No entanto, é justamente o contrário.

Se de fato houvesse participação de 3.000 cavaleiros ingleses, ou até de 3.000 plebeus ingleses, essa participação necessariamente deixaria "pegadas" historiográficas, porque é impossível que a organização, despacho e destruição de tal força passasse despercebida ou sem ecos documentais na Inglaterra de 1390's.

Se por um lado temos registros abundantes de nobres, soldados e mercenários franceses se juntando na França, saindo da França, se movendo pela Europa, trocando correspondência, acabando mortos ou capturados em batalha, não existe sequer um fonte análoga disso na Inglaterra. E da mesma forma como temos diversos registros de doações coletivas para resgate dos prisioneiros, missas, cartas, movimentações financeiras e humanas e toda um montante de fontes consequenciais à participação francesa, alemã, boêmia etc na expedição, nada disso existe na Inglaterra, região conhecida como a mais bem estudada do período na historiografia do período. E se alguém ainda precisa de confirmação: sim, existiam muitas fontes cotidianas na Inglaterra daquela época. O que nos leva à métrica: eventos como este necessariamente geram fontes à respeito dele.

Existe ainda um detalhe: a Inglaterra estaria movendo a maior parte da sua cavalheiresca para uma Cruzada, diferentemente da França, que tinha uma classe cavalheiresca muito numerosa (e mesmo assim sofreu com a falta de homens e recursos, quando a Inglaterra renovou os conflitos da Guerra dos Cem Anos). Uma das explicações pelas quais a Inglaterra não participou da Cruzada é, inclusive, a instabilidade que o país passava naquela época e o prospecto de atacar novamente a França, no médio prazo [i].



 ARMADURAS DE ESCAMAS CAROLÍNGIAS (CASO NÃO-CONCLUSIVO)


Representação de um cavaleiro carolíngio, com armadura de escamas, c. 800 d.C.

No estudo da hoplogia e espatologia, uma das primeiras lições que um novato precisa aprender é que tudo o que ele vê em filmes e séries sobre equipamento militar está errado [ii]. Desprendido do lixo hollywoodiano, o estudo pode ser seguido com relação aos tipos e a presença de certas formas de proteção.

Se os romanos tardios, tanto ocidentais quanto orientais, usavam uma variedade de tecnologias de proteção, como as tramas de malha (hamata) e escamas (squamata) em armaduras, na Idade Média Ocidental parece que a malha extinguiu outras formas de proteção. 

Em um saltério carolíngio, encontramos figuras bíblicas trajando armaduras de escamas e armaduras de malha. Na visão de historiadores independentes como Dan Howard, os carolíngios nunca usaram armaduras de escamas, porquê não existem evidências arqueológicas sobreviventes e a evidência artística (o saltério), é uma representação all'antica [iii], isto é, fantasiosa. Além das fontes carolingias não terem um termo distintivo para malha e escamas, a malha é onipresente em "arte confiável", o que Howard interpreta como prova de que, nos séculos VIII e IX, a malha extinguiu outras formas de proteção na Gália e Germânia [iv]

Contudo, a inexistência de achados arqueológicos de escamas tem que ser pensada a partir da quase inexistência (mesmo que fragmentária) de armaduras para todo esse período. Quase não temos evidência arqueológica de armaduras de malha e elmos em toda a Europa neste período [v]. Machados e pontas de lança, curiosamente, são achados minoritários comparados aos quase dez mil exemplares de espadas da Era Viking [vi]. A explicação? São armas encontradas principalmente em pântanos: a composição pantanosa impede à decomposição e preserva muito bem ferro e aço. As demais espadas são geralmente de rios [vii], e algumas encontradas dentro e fora da terra [viii]. Conforme a prática pagã de lançar espadas em pântanos e rios morreu, no século XIV e XV, também diminuíram nossos exemplares sobreviventes de espadas [ix]

O que eu estou explicando, após uma volta imensa, é que a inexistência de evidência deste tipo de armadura não implica na inexistência dela no período carolíngio, principalmente considerando que fontes vikings falam raramente de armaduras de escamas (spangabirnia) em Sagas [x], e que armaduras descritas nas fontes escritas carolíngias, à exemplo das talas, só são encontradas arqueologicamente nos túmulos de Valsgarde, na Escandinávia do século VI. Já que a inexistência de evidência não é conclusiva aqui, a discussão muda então para quão provável seria essa existência, uma sub-discussão que pode, também, não ser conclusiva, embora seja possível chegar a um espectro de maior ou menor (in)certeza, aembora essa demonstração não caiba mais aqui [xi]


 CONCLUSÃO


Apliquemos o que foi aprendido: o período patrístico, longe do que muitos romanistas neófitos costumam alegar, não é um período com pouca ou nenhuma fonte. Do século II em diante somos apresentados a uma taxa crescente de documentação, com algumas quedas causadas pela conquista islâmica, queda do Império Ocidental, etc. 

A proposição romanista de que a doutrina do culto às imagens, defendida pela primeira vez no século sétimo ou — mais seguramente, já que os escritos do século VII podem ser falsificações — no século oitavo, possa ter sido algo que os apóstolos ensinaram e foi preservada numa cadeia de transmissão infalível, a Tradição, por todos os cristãos até essa primeira menção documental é simplesmente impossível. Tanto é que todos os historiadores católicos da academia moderna, e mesmo uma parcela significante dos autores confessionais desde o século XIX, confirma a interpretação protestante desta doutrina como um construto tardio. A ausência de evidência, aqui, é evidência de ausência, porque é impossível que uma prática dessas pudesse ter passado tantos séculos sem ser descrita por cristãos, judeus e pagãos, especialmente considerando o quanto os pagãos poderiam usá-la para defender sua própria iconodulia.

A mesma coisa para a Assunção Mariana, que aparece no século VI-VII-VIII como crença local palestina e só entra em Roma no curso do século VIII. É obviamente prova que a doutrina não existia nem no século I, nem no II, III etc. Temas como a Assunção, por exemplo, exigem especialmente menções mais antigas que a Idade Média, já que além de doutrina, ela é um fato na história: em algum momento do século I, foi testemunhado que Maria foi assunta. Isso é algo muito mais concreto que uma discussão sobre os apóstolos crerem ou não em Filioque. É claro que, no fim das contas, isto também se desdobra em sola scriptura na medida que se exige que acontecimentos desse gênero deveriam ser sido registrados no Novo Testamento, mas isso pode ser tratado noutra ocasião.


Com Deus e armas vitoriosas,
Pedro Gaião.
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NOTAS:


[i] Se existe alguma espécie de explicação para o equívoco dos historiadores novecentistas — não da fonte primária, que erra —, consta no fato de que, existiam alguns cavaleiros hospitalários britânicos (o que incluí ingleses) dentre as forças da Ordem, que partiram da Ilha grega de Rodes para se encontrarem com os cruzados nos Bálcãs. Ainda assim, os hospitalários ingleses jamais somariam um milhar, e nem são compatíveis com a menção de Antonio Florentino, que os descreve como um grupo da Inglaterra, não como um elemento de uma nacionalidade específica dentre as várias que os Hospitalários mantinham no Estado da Ordem em Rodes. 

À título de explicação, as Ordens Militares se tinham uma macro-organização que dividia as posses e membros da Ordem em "línguas": basicamente, um agrupamento de povos e etnias por vias de dialetos e línguas vistas como similares. Assim, irlandeses, escoceses, galeses e britânicos eram arrolados numa "língua", ao passo que os ibéricos eram arrolados noutra "língua".

[ii] Produções audiovisuais reservam muito pouco do seu orçamento para equipamento (no melhor dos casos, imitações de PVC pintadas com tinta metálica) e quase sempre não têm ou ignoram consultoria histórica sobre o assunto. 

[iii] Al'antica é o conceito onde um artista, por várias possíveis razões, opta por pintar armaduras fantasiosas ou que eram vistas como exoticismo estrangeiro em figuras muito antigas, como imperadores romanos, ou bíblicas. Seria, basicamente, como o povo da época imaginava que seriam armaduras muitos antigas ou como figuras históricas se armavam. Necessário lembrar, a pesquisa que temos hoje, e o próprio cinema, não existiam para educar o povo sobre precisão histórica.

[iv] É mais ou menos aceito que armaduras de malha são superiores às armaduras de escamas, ou pelo menos são mais constantes e confiáveis. As escamas fornecem menos proteção no espaço entre peças, golpes costumam quebrar ou soltar peças da matriz que as une, abrindo brechas, e as escamas são menos propensas a dar sua proteção normal em ataques ascendentes que pegam o espaço dentre uma escama e que se encontra acima dela. 

A Europa Ocidental não só iria dar preferência óbvia à malha, como iria popularizá-la nas regiões vizinhas até esses outros povos, como muçulmanos, mongóis e asiáticos, extinguissem suas formas prévias de proteção. 

[v] Existem menos de meia dúzia de elmos da Era Viking sobreviventes, todos em forma fragmentária. Elmos e armaduras, diferentemente das espadas, eram funcionais e caros demais para terem o mesmo destino destas. Armaduras eram apenas estocadas ou repassadas adiante, ao passo que elmos eram descartados. Elmos muito decorados, porém, poderiam ser utilizados como depósitos funerários, como é o caso de Sutton Hoo e Valsgarde, de séculos anteriores à Era Viking. 

[vi] O motivo para existirem mais espadas sobreviventes, sabendo que na época elas eram mais raras e caras que lanças e machados, têm haver com o intuito de preservação proposital que os contemporâneos tinham dessas armas. Já que eram dotadas de simbolismo e tinham custo elevado, elas eram passadas de geração em geração, e eram vistas como a coisa mais óbvia a se pôr em túmulos e oferendas à rios e lagos. Lanças e machados poderiam ser reciclados, abandonados e destruídos com menos pudor.

[vii] Tão importante são esses depósitos aquáticos que a espada do lago de Lindholmgard (Noruega), uma das mais antigas da obra de Oakeshott, data do século II antes de Cristo! Caso uma espada de ferro dessa idade fosse posta na terra nessa época, ela muito provavelmente não existiria mais.A explicação? São armas encontradas principalmente em pântanos: a composição pantanosa impede à decomposição e preserva muito bem ferro e aço. As demais espadas são geralmente de rios

[viii] Quanto mais ácido o solo, mais ele destrói ferro: motivo pelo qual a Escandinávia e a Palestina são lugares que sempre se acha novos achados arqueológicos, ao passo que o solo ácido de Portugal e da Escócia tende a destruir objetos de ferro depositados lá. Existem mais espadas nórdicas dos séculos II-I a.C. do que equipamentos em achados arqueológicos em Portugal e Escócia entre 1300-1450 d.C.

É por isso, por exemplo, que não temos praticamente nenhum achado arqueológico autêntico de armamento português ou escocês tardo medieval enquanto, na última contagem, o número de espadas vikings de 800 a 1050 d.C. gira em torno de 3.000 exemplares apenas na Noruega. 

Vale lembrar que com armaduras, exceto por elmos, a situação é pior: nos melhores casos, quase todo o armamento é do período tardo-medieval em diante. Também não temos armaduras completas tardo-medievais fora das coleções de antigas famílias na Itália, Alemanha e Espanha; e mesmo a Real Armería, de Madri, só tem peças de armaduras para o fim do século XV. Na Inglaterra, as primeiras armaduras completas são todas do período Tudor. 

[ix] A partir daí a maioria dos achados são espadas que acidentalmente caíram em lagos (Rio Dordogne) e peças que foram preservadas em armarias, sótãos ou depósitos esquecidos. 

[x] Spangabyrnia é a junção dos termos "escamas", como de peixe, e "armadura". Ela é referenciada numa ocasião como pagamento a um guerreiro nórdico por um homícidio encomendado. Mais tarde, o mesmo guerreiro retorna reclamando que a armadura era ruim; independente dele considerar ruim porque aquela peça era particularmente mal-feita ou porque a construção era inferior à malha, nenhum historiador questiona que aquela armadura não era de malha; até porque, mesmo no fim do século XIV, construções de gibanetes poderiam deixar aberturas entre-placas que poderiam ser exploradas por projéteis e golpes perfurantes, como vemos nas fontes portuguesas. 

A dúvida maior é se seria uma armadura de escamas como a que vemos no saltério franco ou uma armadura lamelar como a usada por bizantinos, ávaros e eslavos.

[xi] Basicamente as referências de escamas voltam nos séculos 12 e 13, sendo geralmente usadas como reforço, vestidas por nobres sobre uma armadura de malha, ou mais raramente como proteção única por infantaria menos afortunada; ainda assim, parte das referências deste último caso provém de regiões com contato com "culturas exóticas", como a islâmica e a bizantina. Em qualquer caso, do século 12 em diante, escamas eram menos numerosas que malha, o mesmo seria análogo antes. A discussão sobre existência de escamas giraria em algo em torno de relativamente improvável e relativamente provável.

Comentários

  1. As suas conclusões são ridículas pq querer desconsiderar uma ideia ou prática por ser tardia desacredita a própria escritura já q não há menção apostólica sobre definir um cânon bíblico, muito menos com delimitação de quantidade de livros. Isso é uma definição tardia, séculos IV e V. Uma concepção tardia não necessariamente deslegitima a prática ou ideia até pq menção sobre Abraão, por exemplo, é descrita séculos depois dos fatos. Claramente vc não sabe raciocinar e descredibiliza a própria Bíblia sem nem perceber.

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    1. Claro que há cidadão, basta ler, por exemplo, a própria fala de Paulo para Timóteo mandando ele guardar aquilo que tinha aprendido, você tem Pedro dizendo que os escritos de Paulo são Escritura, você tem Gálatas 1:8 "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.", isso aqui, meu conterrâneo, é uma demonstração que já havia sim um conceito de canonicidade, daquilo que deveria ser guardado e não ser guardado. Você tem o próprio conceito de Escritura, que em si já era um conceito judaico de que havia textos específicos que são INSPIRADOS POR DEUS, isso aqui É o cânon, ainda que não uma ideia de juntar todos em um só, mas em Filon você vê a ideia de Cânon judaico, em Flávio Josefo você vê isso, você tem Paulo elogiando os bereanos por verificar nas Escrituras (Cânon dos judeus, mas que, profeticamente, já era uma providência do Espírito Santo apontando para o cânon do Novo Testamento).

      Enfim, eu não consigo entender como que alguém consegue chegar ao ridículo de dizer que nunca passou pela cabeça da Igreja ter um conjunto de escritos válidos, isso é algo tão absurdo de ser dito, ainda mais você dizendo que isso só veio lá nos séc. IV e V, que realmente me espanta, como se toda a Igreja simplesmente aceitasse qualquer bosta que colocassem para eles aprenderem, e não apenas aqueles escritos ou ensinos tradicionalmente apontado para os apóstolos, inclusive essa sua visão é tão absurdo que dá razão para os céticos que dizem que a Igreja forjou o cânon, quer dizer, no seu afã de defender um prostíbulo falido chamado ICAR, você praticamente vira um liberal.

      A fala sobre Abraão é bizarra, porque sequer tem conexão lógica com a sua crítica e com o texto, o que você quer dizer com essa questão de Abraão? Está querendo dizer que Abraão foi uma figura inventada? Isso soa até ridículo e anacrônico, visto que estamos falando de um período onde a escrita era escassa e os registros geralmente eram feitos de fato por tradição oral, além de provavelmente algum tipo de instrução por herança material, por monumentos, etc. Não existe aqui nenhuma conexão com a ideia do Argumento do Silêncio.

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